sábado, 4 de junho de 2016

A importância do título


São três os fatores principais, entre tantos outros, que contribuem (embora não assegurem) o sucesso de vendas de um livro, possibilitando que o autor faça uma boa carreira literária: o título, a divulgação e a distribuição. Claro que conteúdo e qualidade contam, e muito. Cada um dos pontos citados merece considerações a parte. Hoje, vamos nos ater, somente, ao primeiro fator.

Qualquer editor de jornal ou revista sabe, de sobejo, a importância do título de cada matéria, para despertar o interesse do leitor para o texto. Isso é tão importante que, em tempos não muito remotos, havia redações que tinham um profissional especializado apenas nesta tarefa: o titulador. O objetivo era estabelecer um padrão, uma uniformidade de titulação em todo o jornal. Havia, entre esses jornalistas, verdadeiros gênios na atribuição de títulos sumamente criativos às matérias.

Hoje, após sucessivos enxugamentos nos quadros de pessoal das redações, não há mais essa figura. A tarefa cabe, agora, exclusivamente, ao editor (muitas vezes é o subeditor que a desempenha). Cito isso para ressaltar a importância de um bom título. Se no jornalismo, ele é a embalagem da notícia, em livro tem, também, e até muito mais, essa característica. É a primeira coisa que um comprador em potencial observa nas vitrines das livrarias.

Aliás, não somente o título, mas todo o visual da capa é importante. Diria que se trata do primeiro passo para determinar uma venda. As indústrias, em geral, têm preocupação até obsessiva com a embalagem dos produtos que fabrica. Contam com equipes especializadas de designers, que atentam a cada detalhe daquilo que o consumidor vai ver nas prateleiras dos supermercados. Com o livro, o tratamento tem que ser o mesmo, se não até maior. Afinal, embora nós, escritores, saibamos que se trata de produto essencial, de primeiríssima necessidade, a maioria das pessoas (infelizmente) ainda não entende que de fato o seja.

Muitos recorrem a ajuda de amigos para atribuírem títulos aos seus livros. Alguns, não dão a menor importância a esse aspecto e atribuem à obra, que tanto trabalho lhes custou para elaborar, o primeiro nome que lhes vem à cabeça. Os mais esdrúxulos, são recusados pelas editoras, claro. Alguns. porém, passam e mais atrapalham (ou só atrapalham) do que ajudam na venda do produto.

Há, a propósito, uma anedota, muito conhecida nos círculos de escritores, que ilustra a caráter essa situação. Um jovem romancista concluiu seu primeiro romance, bastante elogiado pelos que leram os originais. Estava, todavia, com problemas para lhe dar um título pomposo e sonoro. Tentou várias alternativas, mas nenhuma lhe satisfez. Resolveu pedir a opinião de um escritor veterano, campeão de vendas de determinada editora. Este foi direto ao ponto e perguntou ao jovem aflito: “Seu livro tem bandeiras?”. “Não”, respondeu o romancista. “Tem tambores?”, prosseguiu. “Também não”, foi a resposta. “Pois aí está o título do seu livro: ‘Sem bandeiras e sem tambores”.

Diz a história que o jovem romancista acatou a sugestão e que seu romance esgotou sucessivas edições. Claro que se trata de anedota. Tenha, pois, cuidado, e sobretudo capricho, escritor amigo, na escolha do título do livro que você está prestes a publicar. Além de oferecer conteúdo de primeiríssima qualidade, apresente-o em uma “embalagem” digna do que tem dentro. E boa sorte. Você vai precisar muito dela.

Boa leitura.

O Editor.

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Um comentário:

  1. É preciso ler os clássicos, mas ler um livro achado ao acaso tem sabor de coincidência e novidade. Eu gosto. Nesse caso o nome é tudo que se tem.

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