A importância do título
São três os fatores principais, entre
tantos outros, que contribuem (embora não assegurem) o sucesso de vendas de um
livro, possibilitando que o autor faça uma boa carreira literária: o título, a
divulgação e a distribuição. Claro que conteúdo e qualidade contam, e muito.
Cada um dos pontos citados merece considerações a parte. Hoje, vamos nos ater,
somente, ao primeiro fator.
Qualquer editor de jornal ou revista
sabe, de sobejo, a importância do título de cada matéria, para despertar o
interesse do leitor para o texto. Isso é tão importante que, em tempos não
muito remotos, havia redações que tinham um profissional especializado apenas
nesta tarefa: o titulador. O objetivo era estabelecer um padrão, uma
uniformidade de titulação em todo o jornal. Havia, entre esses jornalistas,
verdadeiros gênios na atribuição de títulos sumamente criativos às matérias.
Hoje, após sucessivos enxugamentos nos
quadros de pessoal das redações, não há mais essa figura. A tarefa cabe, agora,
exclusivamente, ao editor (muitas vezes é o subeditor que a desempenha). Cito
isso para ressaltar a importância de um bom título. Se no jornalismo, ele é a
embalagem da notícia, em livro tem, também, e até muito mais, essa
característica. É a primeira coisa que um comprador em potencial observa nas
vitrines das livrarias.
Aliás, não somente o título, mas todo o
visual da capa é importante. Diria que se trata do primeiro passo para
determinar uma venda. As indústrias, em geral, têm preocupação até obsessiva
com a embalagem dos produtos que fabrica. Contam com equipes especializadas de
designers, que atentam a cada detalhe daquilo que o consumidor vai ver nas
prateleiras dos supermercados. Com o livro, o tratamento tem que ser o mesmo,
se não até maior. Afinal, embora nós, escritores, saibamos que se trata de
produto essencial, de primeiríssima necessidade, a maioria das pessoas
(infelizmente) ainda não entende que de fato o seja.
Muitos recorrem a ajuda de amigos para
atribuírem títulos aos seus livros. Alguns, não dão a menor importância a esse
aspecto e atribuem à obra, que tanto trabalho lhes custou para elaborar, o
primeiro nome que lhes vem à cabeça. Os mais esdrúxulos, são recusados pelas
editoras, claro. Alguns. porém, passam e mais atrapalham (ou só atrapalham) do
que ajudam na venda do produto.
Há, a propósito, uma anedota, muito
conhecida nos círculos de escritores, que ilustra a caráter essa situação. Um
jovem romancista concluiu seu primeiro romance, bastante elogiado pelos que
leram os originais. Estava, todavia, com problemas para lhe dar um título
pomposo e sonoro. Tentou várias alternativas, mas nenhuma lhe satisfez.
Resolveu pedir a opinião de um escritor veterano, campeão de vendas de
determinada editora. Este foi direto ao ponto e perguntou ao jovem aflito: “Seu
livro tem bandeiras?”. “Não”, respondeu o romancista. “Tem tambores?”,
prosseguiu. “Também não”, foi a resposta. “Pois aí está o título do seu livro:
‘Sem bandeiras e sem tambores”.
Diz a história que o jovem romancista
acatou a sugestão e que seu romance esgotou sucessivas edições. Claro que se
trata de anedota. Tenha, pois, cuidado, e sobretudo capricho, escritor amigo,
na escolha do título do livro que você está prestes a publicar. Além de
oferecer conteúdo de primeiríssima qualidade, apresente-o em uma “embalagem”
digna do que tem dentro. E boa sorte. Você vai precisar muito dela.
Boa leitura.
O Editor.
Acompanhe o Editor pelo twitter: @bondaczuk
É preciso ler os clássicos, mas ler um livro achado ao acaso tem sabor de coincidência e novidade. Eu gosto. Nesse caso o nome é tudo que se tem.
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