quarta-feira, 8 de julho de 2015

Da ignorância


* Por Núbia Araujo Nonato do Amaral


Não nasci pra ser samambaia, nem fazer cara de paisagem. Não dá pra tocar a vida com a barriga, mastigando pedras ou engolindo sapos.

No que me diz respeito, ser o que sou, fazer o que faço somente a mim interessa. Se sou preta ou marrom, gorda ou magra, antenada ou alienada, se me visto assim ou assado, é o que menos importa.

Se me ausento sou omissa, se me calo, submissa. Não me oprime o peso do julgamento, relevante pra mim é ter a graça de despertar, de ter mais um dia, mais uma chance de, quem sabe, descortinar o maldito véu da ignorância que passeia sobre nós como nuvem baixa, que nos empurra pra um abismo que, disfarçado por  um cor de rosa opaco,  nos embala com a doce ilusão de que tudo o que acontece de ruim somente cai em terras distantes.

 * Poetisa, contista, cronista e colunista do Literário


Um comentário:

  1. Dizem os sábios que quanto mais se sabe, mais se sente ignorante. Eu nada sei. Maravilha de reflexão. Pensando aqui.

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