terça-feira, 8 de setembro de 2009


O motivo do silêncio

* Por Carla Andrade Bonifácio Gomes

Dendê, a palavra.
É pimenta que anula.
Gravata do sentimento.
Para o amor, envergadura.

A palavra
tem pele dura,
sem âmago.
É entranha de
fagulha.

A palavra é bêbada,
branca de desejo.
Vândala armadura.

Prende em ecos
o ar azul do dialeto,
rouba mãos, grossas veias,
esconde os dentes do afeto.

Invade a semântica do silêncio
a metáfora dos amantes.
Subverte o não nascido,
transverte
o que deve ser
polpa.
A palavra endireita
o que é certo torto.
Empobrece da alma o abismo.

Corpos nus
não conjugam verbos na cama.

* Poetisa

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