sábado, 12 de setembro de 2009


Chuva granular

* Por Zenilton de Jesus Gayoso Miranda


Na granularidade da chuva
Vejo dardos hirsutos
Arremeterem farpas
Sobre meus músculos expostos.
À parte de mim
Adentram cartilagens flácidas
Que empedernidas crescem
Enquanto atônito durmo.

Ferem essas agulhas comensais
As delicadas pústulas
Os passos e as sombras
Do caminho destro que sigo.
Bravias, abstraídas de nexos e subcutâneos medos
Avançam convexas
Sobre minha carne puramente nervos.

Absorto,
A parte de mim,
Esse corpo nu, corpo retrorso,
Não é mais estípulas ou véus,
Vive minimamente,
Mas absorve, laivos de gotas.

* Poeta e artista plástico

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