Feliz Ano Novo!
* Por
Martha Medeiros
Foi-se embora mais um
ano, 12 meses, mais de 300 dias em que pagamos contas e procuramos lugar para
estacionar. Um ano a mais de experiências vividas, um ano a menos de juventude.
Um ano a mais de filmes que gostamos, trabalhos que nos frustraram e pessoas
com quem convivemos menos do que gostaríamos. Tempo consumido em chopes,
estradas, telefonemas, suor, tevê e cama. Você envelheceu ou cresceu este ano?
Envelhecemos sentados
no sofá, envelhecemos ao viciar-nos na rotina, envelhecemos criando os filhos
da mesma forma como fomos criados, sem levar em conta algumas novas
necessidades, outras formas de ser feliz. Envelhecemos passando creme
antirrugas no rosto antes de dormir, envelhecemos malhando numa academia,
envelhecemos nos queixando da tarifa do condomínio e achando que todo mundo é
estúpido, menos nós. Envelhecemos porque envelhecer é mais fácil do que
crescer.
Crescer requer esforço
mental. Obriga a tomadas de consciência. Exige mudanças. Crescer á a
antirrepetição de ideias, é a predisposição para o deslumbramento, é assumir as
responsabilidades por todos os nossos atos, os bem pensados e os insanos.
Crescer dá uma fisgada diária no peito, embrulha o estômago, tem efeitos
colaterais. Machuca.
Envelhecer não
machuca. Envelhecer é manso, sereno. Envelhecer é uma apatia, um
não-desempenho, um deixa pra lá, vamos ver o que acontece. O que acontece é que
você fica mais velho e se considerando tão sábio quanto era anos atrás, anos
que passaram iguais, sabedoria que não se renovou.
Crescer custa, demora,
esfola, mas compensa. É uma vitória secreta, sem testemunhas. O adversário
somos nós mesmos, e o prêmio é o tempo a nosso favor. Feliz ano-novo!
*
Jornalista, poetisa e escritora.
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