segunda-feira, 13 de junho de 2016

Re sorri


* Por Núbia Araujo Nonato do Amaral


Quando minha mãe se "encantou", não via mais motivos para sorrir ou gargalhar. Queria ficar entregue ao sofrimento e dar vazão á minha prostração até ver as tranqueiras que havíamos herdado.

Bijouterias de "ótima" qualidade, lencinhos de toda sorte, muita roupa por costurar, plantas suficientes para reflorestar a mata atlântica e uma carteirinha com cento e vinte reais que dividimos entre nós, excluindo o macho alfa, of course.

Parte das tranqueiras empurramos pra Rachel, nossa sobrinha querida, que depois que percebeu nossa artimanha não pegou mais nada. Tudo isso foi entre lágrimas e, pasmem, muita gargalhada.

O sorriso é uma benção, um refrigério para o coração que se reconhece humano e frágil, mas não covarde.

 * Poetisa, contista, cronista e colunista do Literário


Um comentário:

  1. O desmonte da casa da mãe é trágico, no pessoal. No coletivo estamos vendo o desmonte de um governo. Somos humanos e frágeis, como você diz, mas não covardes.

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