domingo, 12 de junho de 2016

A bomba nuclear ou um asteroide


* Por Francisco Simões


Nos tempos em que vivemos atualmente tudo pode acontecer. O Bush deixou de ser ameaça faz tempo, saiu de cena, mas surgiu um neto herdeiro de trono, com jeito de enrustido, do outro lado do planeta, querendo brincar de fazer guerra.

Gordinho, com cabelo a “La Neymar”, estilizado, o oriental poderoso não deve ter tido tempo de brincar quando criança e agora pensa que o mundo é dele, talvez um imenso brinquedo ao qual ele não cansa de fazer ameaças e exibir bombas e mais bombas. Se algum dia ele se zanga mesmo e tem crise de “ai, ai, ai”, chuta o balde e joga toda sua incompetência no ventilador. O mundo que se dane, e ele também.

O fato é que vivemos um tempo de ameaças, muitas, que até do espaço elas vêem. De repente algum asteróide tem uma rota de colisão e ... pimba, o que será que vai sobrar? Pois já em 1999 eu escrevi o poema “A Última Notícia”. Eu me imaginei sentado num meio fio olhando para o mar que fugia no horizonte. Perto de mim um sinal parara no verde, para nada, o vermelho já parara tudo. Aí eu escrevi:

...“Na solidão do mudo sentei
No silêncio da vida chorei
Olhei para o alto e orei
Mas ainda haveria Deus?”...

No final eu descobri, pelo olhar da barata que me fitava espantada, que eu era a última notícia.

Por favor, leiam este meu poema, amigos e amigas. Não creiam que eu exagero, infelizmente o que descrevo um dia poderá sim acontecer. Até o próximo mês.

A ÚLTIMA NOTÍCIA

“Atenção, muita atenção
Para a última notícia.”
(e seria a última mesmo)
A voz lúgubre noticia
No espaço vazio, a esmo,
A última notícia.
Nem chegou a ser a última
Porque não chegou ao fim.

Nem mais ouvidos havia
Para escutar a notícia.
A cidade ficara surda,
A pátria estava surda,
O mundo já nada mais ouvia.
Nem ouvia o beija-flor,
Nem a flor mais pediria
Um beijo ao beija-flor.

Nem o amor venceria,
Nem o amor ouviria,
Fora vencido o amor.
A aurora ainda viria
Mas, não acordaria a vida
Que também fora vencida.
A lua ascenderia
Descendo seu prateado
Nos corpos dos namorados
Que também já não amavam,
Mas estavam abraçados.

Na solidão do mundo sentei,
No silêncio da vida chorei,
Olhei para o alto e orei.
Mas, ainda haveria Deus?
O sinal estava verde, pra nada.
O vermelho parara tudo,
Crentes, dementes, ateus.
Só uma barata atravessava a rua.
O trânsito, parado e mudo.

O mar fugira no horizonte.
No horizonte havia um monte
De ossos partidos,
De ferros distorcidos,
De verdade nua e crua,
De justiça social.
Enfim todos eram iguais,
Estavam nivelados no nada.
O nada então era tudo.

Pacifistas, ecologistas,
Políticos, poetas, o bem, o mal,
Enfim todos eram iguais.
Não se ouviam mais protestos
Apenas eu tinha ouvido
Um derradeiro gemido
Mas, não a última notícia.
“Atenção, atenção...”
E não havia mais plantão
E nem havia notícia.

Perplexa e intrigada
A barata me encarava.
Eu era um resto de nada,
Ela, um saldo de tudo.
Pensei: “A História, a Ciência, a Cultura,
Tudo, tudo agora perdura
Na poderosa barata.”
E perplexa ela me olhava
Enquanto eu expirava
Junto com a paz fictícia.

Foi aí que eu percebi
Que para a barata eu era:
 A última notícia.

•      Jornalista, poeta e escritor


Nenhum comentário:

Postar um comentário