Será que nunca mais verei meu rosto?
* Por Eduardo Oliveira Freire
“Quanto
mais o homem fala de si, mais deixa de ser ele mesmo. Dê-lhe uma máscara e ele
dirá a verdade.”
(Oscar Wilde)
(Oscar Wilde)
"O sonho estava composto como uma
torre formada por camadas sem fim, que se erguessem e se perdessem no infinito,
ou descessem em círculos,
perdendo-se nas entranhas da terra. Quando me arrastou em suas ondas, a espiral
começou, e
essa espiral era um labirinto. Não
havia nem teto nem fundo, nem paredes nem regresso. Contudo, havia temas que se
repetiam com exatidão.”
Anais Nin em WINTER OF ARTIFICE
Anais Nin em WINTER OF ARTIFICE
Um dia, bateram na porta e era uma encomenda. Achei estranho pois não tinha nenhum bilhete que identificasse quem me enviou aquele pacote de presente. Abri-o e encontrei uma máscara.
Achei estranho, já que constantemente sonhei com
máscaras. Por impulso, coloquei-a no meu rosto e ela grudou em mim como uma
segunda pele e nunca mais saiu.
Via-me mascarado no espelho, porém, para os outros
estava normal. Parecia estar preso em um labirinto espiral, que projetava a
imagem da mesma máscara.
Era torturante não perceber a mudança do tempo na
minha face, desse fato bizarro já se passaram muitos anos. Será que nunca mais
verei meu rosto?
Fui a vários psicólogos, psiquiatras e até fiquei
internado. Nenhum tratamento fez desaparecer a máscara fria sobre meu rosto. E
o pior, de um tempo para cá, estou me habituando a ela e me flagro a pensar que
sempre esteve comigo.
*
Formado em Ciências Sociais, especialização em Jornalismo cultural e aspirante
a escritor - http://cronicas-ideias.blogspot.com.br/
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