Dezembro Vermelho
* Por
Sônia Pillon
Calma, leitor! Não se
trata de um filme de guerra, de um clássico de terror, nem de uma manchete
sensacionalista de jornal (daquelas que, se torcer, sai sangue)... Também não
se trata da tradicional roupa do bonachão velhinho que toca a sineta, entra pela
chaminé e entrega presentes aos meninos e meninas bem comportados, na véspera
da maior festa cristã comemorada em grande parte do planeta. Apesar de estarmos
no mês do Ho Ho Ho e da época em que as contas bancárias costumam acabar no
vermelho... A cor escarlate, que muitos também associam à cor da paixão, tem
aqui outro significado.
O vermelho a que me
refiro está relacionado à fita-símbolo da campanha de prevenção à Aids, numa
época em que as pessoas deixaram de se preocupar com a doença. Sim, porque apesar
de ter surgido no final da década de 1980 e ainda ser incurável, as
estatísticas comprovam que muitos deixaram de se precaver desde o surgimento do
“coquetel” medicamentoso, distribuído gratuitamente nas unidades de saúde. Isso
sem esquecer que em regiões remotas da África, quem é infectado ainda confia
mais em curandeiros do que em médicos...
Os gestores em saúde
conhecem bem essa realidade! São eles que acompanham os índices de portadores
de Aids no mundo, no Brasil, em Santa Catarina e, mais precisamente, em Jaraguá
do Sul e região. Vale ressaltar que a Organização Mundial de Saúde (OMS), que
estabeleceu o 1º de Dezembro como o Dia Mundial de Combate à Aids, estima em 35
milhões de novos casos no mundo em 2013. São 34.547 casos de Aids acumulados no
Estado desde 1984 até dezembro de 2013.
Dos 20 municípios
brasileiros com mais de 50 mil habitantes, nove são catarinenses, liderados por
Itajaí. Em Jaraguá do Sul, de janeiro até outubro deste ano, já são 41 novos
casos confirmados e um acumulado de 1.193 soropositivos desde 1991, com 227
mortes no período.
Existe um senso comum –
equivocado, diga-se de passagem – que faz as pessoas de um nível social e
cultural mais alto acreditarem que Aids é um problema “dos outros”. São
indivíduos que não vão consultar em um posto de saúde e, via de regra, não se
utilizam dos serviços do SUS. Portanto, não ligam quando avistam outdoors,
cartazes e folderes distribuídos na rede pública de saúde. Ah! E não custa
refrescar a memória: não existem grupos de risco, mas sim, situações de risco,
como manter relações sexuais sem camisinha e compartilhar seringas, no caso de
usuários de drogas injetáveis.
Mas tudo isso todo
mundo já está careca de saber, certo? Errado! O fato dessas informações já
terem sido insistentemente “marteladas” na cabeça dos brasileiros, em todas as
mídias, não tem sido suficiente para sensibilizar as mudanças de comportamento
de parte dos cidadãos com vida sexual ativa, infelizmente.
Está mais do que na
hora dos indivíduos agirem com consciência, preservando a si mesmos, seus
parceiros e a comunidade onde vivem com cuidados preventivos, inclusive para
evitar outras doenças sexualmente transmissíveis, como sífilis e gonorreia.
Que o Dezembro
Vermelho, a exemplo do Outubro Rosa e do Novembro Azul, seja para alertar à
adoção de práticas preventivas.
Se liga, “mermão”, que
a parada é séria!
*
Sônia Pillon é jornalista e escritora, nascida em Porto Alegre (RS) e radicada
em Jaraguá do Sul (SC), Brasil, desde outubro de 1996.
Nenhum comentário:
Postar um comentário