sábado, 27 de dezembro de 2014

Um tempo muito especial



O universo é, sobretudo, dinâmico. Nada nele está parado, estático, imóvel. Pelo contrário, tudo está em permanente movimento, em contínuo processo de transformação, em constante mudança de um determinado estado para outro. Pode-se dizer, grosso modo, que se trata de “moto perpétuo”.  E isso ocorre desde um princípio, se é que houve algum, especulado por nossa ciência como sendo um tal “Big Bang”, quando um concentrado de tudo o que há tinha (ou teria) o tamanho comparável ao de uma bola de gude e explodiu (ou teria explodido) com tamanha intensidade que o som dessa explosão poderia ser ouvido ainda hoje ecoando no espaço. Será? Quando isso ocorreu (se é que ocorreu)? Há 13,1 bilhões de anos, como se teoriza? Há mais tempo? Se sim, há quanto? Mistério! Insondável mistério, sobre o qual é possível, apenas, imaginar. Essa, por enquanto, todavia, é nossa “verdade”, até que alguém consiga desmenti-la (alguém, porventura, algum dia, conseguirá? Quem o sabe?!!!).

O admirável é o fato de nós, humanos, sermos capazes de ao menos especular a propósito de coisas de tamanha magnitude. O que somos em comparação com o inconcebivelmente grandioso universo em que estamos inseridos? Numa comparação grosseiríssima e sumamente imperfeita poderíamos nos comparar a um neutrino, a menor partícula subatômica do núcleo de um átomo, em relação á Terra. Ou, para ser mais preciso, com a nossa Via Láctea. Ou, apurando ainda mais a precisão, com o tamanho de todas as galáxias existentes, somadas. E, ainda assim, a comparação será exageradamente inadequada. Somos tão pequenos a ponto de sermos “invisíveis”, inexistentes, quando comparados a qualquer corpo celeste. No entanto... existimos. No entanto, nosso cérebro é capaz de captar tamanha imensidão, de teorizar a propósito e até de descobrir leis que regem todo esse misterioso e assombroso conjunto. Isso não o assombra, leitor? A mim sim.

Uma das conclusões a que podemos chegar, ditadas pela experiência, é que tudo no universo tende à desordem, ao colapso, ao caos. É a tal da lei termodinâmica da “entropia”, que se contrapõe a outra força poderosíssima, que cria tudo o que vemos pelos mais potentes e sofisticados telescópios: a da gravidade. Esta tende a pôr ordem na natural desordem universal. Ela é a responsável pela criação de galáxias, estrelas, planetas, nós etc.etc.etc. Todavia, sua constância e sua intensidade são tamanhas, tão ininterruptas e tão grandes, que ao final e ao cabo favorece o caos, levando tudo o que criou a explodir em determinado momento, desagregando o que agregou. A entropia prevalece. Matéria e energia, de alguma forma, se perdem com essa desorganização.

E o processo é contínuo, ininterrupto. A gravidade promove a formação de galáxias, estrelas, planetas etc., mas, por seguir atuando, acumula tanta pressão que acaba explodindo. Desagrega, pois, tudo o que agregou, reitero. Diz a lógica que em determinado momento a força gravitacional acabará, finalmente, vencida. Não conseguirá mais agregar matéria para formar sóis, galáxias, planetas etc.etc.etc. Todo o movimento, todo o dinamismo, toda organização  cessarão. O universo não disporá mais de calor. Será inerte e frio. Quando isso irá ocorrer (se é que ocorrerá, porquanto tudo isso, possivelmente, não passe de especulação, se não de simples fantasia)?. Como saber? Nossa miraculosa inteligência já faz muito em compreender pelo menos parte desse monstruosamente imenso processo.

E o que vem a ser essa tal de entropia? Em termos de termodinâmica, é a medida de desordem das partículas de um sistema físico. Para que o leitor, leigo como eu na matéria, entenda minimamente esse conceito, nada como recorrer a um exemplo prático para ilustrá-lo. Recorro, para isso, ao portal “Só Física” (WWW.sofisica.com.br) que exemplifica assim: “Comparando este conceito ao cotidiano, podemos pensar que, uma pessoa ao iniciar uma atividade tem seus objetos organizados, e á medida que ela vai os utilizando e desenvolvendo suas atividades, seus objetos tendem a ficar cada vez mais desorganizados”. Assim acontece (provavelmente) no universo, em relação a tudo o que nele há: galáxias, estrelas, planetas etc.etc.etc.

Se as coisas são realmente assim (e tudo indica que sejam), e se a tendência é que a entropia prevaleça, que o caos predomine, que o sol, a Terra, os demais planetas e satélites, todas as outras estrelas e galáxias (e nós) tendem a desaparecer e a não serem mais formadas outras novas, qual a conclusão a que podemos chegar? À óbvia! À de que vivemos um período (curtíssimo no contexto universal, comparável a mera piscadela de olhos) especial. É nele que nós e boa parte do que vemos – embora algumas estrelas estejam tão distantes de nós que, apesar de vermos sua luz, que viaja no espaço a 300 mil quilômetros por segundo, boa parte delas, se não a maioria, já se desintegrou, quiçá, há bilhões de anos e, portanto, já não existam mais – existimos. E, todavia... muitos de nós (certamente a maioria), não sabemos valorizar nossas vidas e nem o que fazer com elas. É a contradição das contradições, ora se é!

Boa leitura.


O Editor.

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Um comentário:

  1. Filosofou grande, mexeu comigo ao ponto do medo. É preciso especular e fantasiar a respeito dessa imensidão espacial e dessa nossa pequenez.

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