terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Certa manhã


* Por Eduardo Oliveira Freire


A piscina está azul do céu e não tem sequer uma folha flutuando nela. Não há vento e tudo parece uma cena de um sonho. Estou no quarto e o vejo na piscina. Não brinca mais. Só está à beira da piscina. Vou ao seu encontro.
- Filho, por que não brinca?
- Pai, estou entediado. Parece que estou aqui faz muito tempo. Cadê todo mundo? Só vejo você.
- Vamos passear no campo, que acha?
- Pode ser, mas não acontece nada por aqui.
- Filho, está triste?
- Não, só estou cansado. Parece que faço a mesma coisa por tanto tempo.
- A vida é assim mesmo. Quer sorvete?
- Já sei, de creme, como sempre.
- Posso comprar outro. Quer ir comigo?
- Não, ficarei aqui, por enquanto.

***

O homem acordou e foi ao quarto vazio. Ainda não estava pronto para deixá-lo ir.  Manteria o fantasma do filho em seu sonho.

* Formado em Ciências Sociais, especialização em Jornalismo cultural e aspirante a escritor - http://cronicas-ideias.blogspot.com.br/


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