Adonai, Alá e Bush
(em duas partes)
* Por Mariella Augusta
Uma res vermelha me olha triste;
No seu pescoço aparece a sombra de um risco fatal.
É a cantiga de sua hecatombe
que atravessou o tempo
Onívoro, protéico
O homem rasga a res
Tudo para o homem é res
Da lingüística à moral
O homem é res
Do homem aos deuses
Uma res me olha triste
E eu me reconheço
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- Mamãe a guerra é justa?
- Sim, claro.
- Mas mataram crianças libanesas.
- Tudo bem não eram as crianças escolhidas.
- Eu sou uma criança escolhida?
- Claro, seu pai advogado de banco.
-Mamãe, por que os israelense fazem mais feridos, eles são mais maus?
-Não. De jeito nenhum. Muitas crianças judias morreram de
forma horrível na segunda guerra. Eles sofreram muito.
-Mamãe foi um libanês que fez isso?
- Não. Foi o homem que mandava na Alemanha. E tentou mandar
no resto do mundo.
- Foi o Bush?
- Claro que não. Ele era o homem mais mau do mundo.O Bush
protege Israel, não fale bobagens.
-Ele é escolhido?
-Não, ele é quem escolhe.
* Bacharel em Direito, mestranda da FFLCH (USP), escritora, autora de
“O Fio de Cloto”, livro de contos
prefaciado por Bruno Fregni Basseto, grande filólogo e vencedor do Prêmio Jabuti.
Publicou crônicas no “Jornal das Artes” e artigos em várias revistas
acadêmicas.
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