Tiros na madrugada
* Por
Eduardo Oliveira Freire
Marina...
e Augusto são um jovem casal que têm muitos compromissos de trabalho e
ainda precisam compartilhar o escasso tempo, dando atenção aos filhos pequenos.
Quando à madrugada chega, às vezes, conseguem fazer amor. Como de costume
Marina fica por cima, por lhe proporcionar mais prazer. Quando eles estavam
quase tendo orgasmo, Augusto vê a testa da esposa se abrir. Depois ela cai
inerte em cima dele. “ Querida!! Acorda!!”. Ela não responde. Olha de relance,
um dos vidros da janela está estilhaçado. Augusto dá um grito de socorro.
Roberto...
acorda no meio da madrugada. Levanta com todo cuidado para não acordar a
mulher. Ele está com insônia. Muitas dívidas. Liga a tevê da sala. No jornal da
madrugada mostra os bombardeios israelenses no Líbano. “ Nossa, uma destruição
total, que bom que não vivo num país em guerra.”. De repente, sente uma
ardência no coração. A mulher ao escutar barulho de vidro estilhaçado na sala,
corre. Vê o marido baleado na poltrona. Liga para emergência. “ Roberto
reage!!! Acorda!!!”. Ele continua imóvel na poltrona.
Beethoven...
Fernando era um menino muito tímido, por isso, era muito sozinho. Os
pais resolveram comprar um cachorro para lhe fazer companhia. O garoto quis
chamá-lo de Beethoven, por causa de um filme que ele viu na tevê, que contava a
história de um cachorro trapalhão e carinhoso. O cão sempre dormia com Fernando
ao lado da janela. Nesta madrugada, um barulho de vidro acorda Fernando. A cama
está suja de sangue. “ Beethoven!!! Beethoven!!!Beethoven!!! Mãe!!! Pai!!! Beethoven
tá ferido!!! Beethoven!!!”.
* Formado em Ciências Sociais, especialização
em Jornalismo cultural e aspirante a escritor
A guerra silenciosa das ruas está entrando dentro das casas e destruindo vidas e famílias. O que fazer?
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