Índio não quer apito
*Por José
Calvino
Recordar é viver. Nos anos
90, aos sábados, um bando de intelectuais de todos os matizes se reunia no
Mercado da Encruzilhada, especificamente, no “Espaço Falcão”. Lá, os mais
variados papos rolavam, sempre regados aos indispensáveis e “necessários” uísque,
caninha e “louras” geladas.
As discussões abordavam
todos os temas e nem sempre havia unanimidade. Num sábado à tardinha, o tempo
esquentou. Um folclorista não gostou da brincadeira de um dos colegas e partiu
para a agressão verbal, com palavras ofensivas.
Um deles disse,
referindo-se ao seu horóscopo: “Mesmo quando suas críticas e sugestões estejam
prontas às vezes não é fácil transmiti-las, porque não são todos que estão
prontos para ouvir. É tempo de ter calma e esperar o momento certo para se
expressar evitando os desentendimentos”.
Dito e feito, mas, no
final, o folclorista abrandou: “Não gosto de brincadeira pesada. Só se for
sadia”. Um dos companheiros não perdeu a oportunidade e, imitando um índio,
falou: “Folclorista não gosta de ‘Perdigão’ e muito menos da ‘Sadia’”. A zorra
foi geral e a animosidade esquecida, inclusive, pelo folclorista.
*Escritor,
poeta e teatrólogo. Blog Fiteiro Cultural – http://josecalvino.blogspot.com/
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