sábado, 31 de agosto de 2013

E a Síria?

* Por Paulo Reims

A tão propalada primavera árabe, que aos poucos está caminhando para um inverno rigoroso e persistente, pois é exatamente isto que vão provando os desdobramentos, levou alguns opositores do governo sírio a iniciar, em março de 2011, uma revolta com o objetivo, não muito confiável, de derrubar o presidente daquele país, que mantinha uma economia estabilizada.

A iniciativa se transformou em uma guerra civil que já levou muita destruição, violência, e ao redor de cem mil pessoas mortas. Mas o que tem por trás de tudo isso, quem mantém esta guerra civil? Como sempre os Estados Unidos, sob a maquiagem de protetor dos povos e nações, quer impor sua liderança ao mundo a qualquer preço, especialmente àquelas nações com muitas riquezas naturais, para poder explorá-las à sua maneira.

A Síria é rica em petróleo e gás natural; mais que isso, ela é ponto estratégico para poder invadir também o Iran. Portanto, dominada a Síria, vão em busca da próxima vítima tão deseja.

Foi assim que invadiram o Afeganistão em 2001, para depois invadirem o Iraque em 2003, sob o pretexto de que Sadam Hussein dispunha de armas de destruição em massa, nunca encontradas. Só encontraram as riquezas naturais do povo iraquiano.

E desta forma vão levando guerra sobre guerra à guisa de proteção, como se não soubéssemos que violência gera violência, e que seus objetivos visam aumentar seu capital e poderio bélico.

Aos Estados Unidos se aliam as suas colônias da União Europeia e outros países, cujos dirigentes dobram seus joelhos ao odiado e amado Tio Sam.

Já no ano de 2006, os EUA tentaram derrubar o presidente sírio, com a ajuda de seus assessores mais próximos, segundo informação divulgada pelo Wikileaks, obtida na embaixada dos Estados Unidos em Damasco.

São dois anos de sofrimentos do povo sírio, ao qual os EUA quer atacar militarmente, a partir do dia 29/08.

O motivo dado para o ataque é o de que o governo sírio teria usado armas químicas, no último dia 21/08, quando centenas de pessoas morreram vitimadas por elas. Os dirigentes ocidentais aceitaram a denúncia dos ‘rebeldes’ de que o governo sírio foi quem lançou as armas químicas. A denúncia foi feita antes que se iniciasse o recolhimento das provas.

O que pensar disso? Que também os ‘rebeldes’ possam ter lançado as armas químicas? Existem grandes possibilidades de eles terem agido assim, a mando dos seus arregimentadores, para depois incriminar o governo sírio, e ter motivo para uma ação militar imediata, talvez sem autorização da ONU.

E os tiros nos carros dos agentes da ONU que foram até o local do lançamento das armas químicas? Quem pode garantir que não foram os ‘rebeldes’ que agiram assim para amedrontá-los a fim de que recuassem para não obter as provas contra eles mesmos?

Mas quem são estes ‘rebeldes’? Como vimos, são pessoas da própria Síria, contrárias ao governo, e que querem o poder para si, juntamente com outras pessoas arregimentadas pelo imperialismo estadunidense, em outros países árabes, e outros, que buscam junto com os EUA e seus comparsas as vantagens oriundas destes atos terroristas. Sim, são mercenários que estão aí para enfrentar qualquer situação, matando por todo lado, desde que tenham o seu quinhão. Entre os ‘rebeldes’ existem também os incautos, obtusos e inocentes úteis. São mantidos economicamente, e com armas, pelos EUA e seus aliados.

É interessante dizer aqui que a manifestação orquestrada pela direita fascista, com o aval e apoio da CIA, para o próximo dia 7 de setembro, no Brasil, tem um pouco de semelhança com os grupos que iniciaram a desditosa primavera árabe.

É preciso pensar bastante antes de aderir a esta manifestação. Você já pensou que esta pode ser uma forma de estar colaborando para o início de uma guerra civil, que pode culminar com uma intervenção militar, que muito sangue inocente pode ser derramado, e que seu sonho pode se transformar num pesadelo longo? Não sou contra as manifestações, muito pelo contrário, mas há manifestações e manifestações... Mesmo entre as manifestações sérias há infiltrados. Muita cautela...

O fato é que se os EUA e seus vassalos atacarem mesmo a Síria, um revide haverá, com consequências funestas imprevisíveis.

O correto é deixar os agentes da ONU fazerem suas investigações e constatações in loco, e se ficar comprovado o uso de armas químicas, que sejam punidos os responsáveis, do governo ou dos ‘rebeldes’.

A despeito de tudo, lembremo-nos sempre de que toda guerra é estúpida. É precisar dar lugar ao diálogo sincero, às negociações honestas, que visem o bem dos povos e a paz entre as nações.


* Jornalista

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