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A vida continua
Caros leitores, boa tarde.
Está bom, a festa acabou!!! Milhões de pessoas lotaram, na noite de ontem, os principais pontos de reunião das grandes metrópoles – como a praia de Copacabana, no Rio de Janeiro (que congregou cerca de dois milhões de brasileiros e turistas estrangeiros), a Avenida Paulista, em São Paulo (que reuniu outros estimados dois milhões), a Esplanada dos Ministérios em Brasília (com a presença de mais meio milhão), e assim por diante – para recepcionar, com euforia, 2010. Alguma novidade? Nenhuma!
Embora tanta gente haja saído às ruas para festejar – e isso em quase todas as partes do mundo – a despeito, repito, dessas multidões, quem pôde festejar, infelizmente, foi uma incipiente minoria de privilegiados. A maioria... Bem, não vou tocar nesse assunto, não pelo menos hoje.
Para uma parcela considerável dos “festeiros”, hoje é dia de ressaca. Muitos estão acordando agora, mal-humorados e azedos, com espírito absolutamente diferente do de ontem, com a boca amarga, cabeça parecendo que vai explodir, gosto de “guarda-chuva” na boca, azia e outras tantas manifestações desagradáveis, conseqüências dos excessos cometidos na véspera.
Para quem festejou o reveillon em casa, as coisas não são muito diferentes. Pior para as mulheres, aquelas que não podem se dar o luxo de ter empregadas, desesperadas com a balbúrdia bem no coração dos seus domínios.
É incrível a quantidade de sujeira, de copos quebrados, de bebidas derramadas nos sofás e tapetes e outras coisas mais que uma simples reunião familiar, posto que festiva, pode deixar! Principalmente quando os convivas exageram na bebida. E nessas ocasiões, raros são os comedidos.
E os marmanjos... bem, estes estão refestelados nas poltronas, babando, à frente da TV mas sem prestar atenção nela, azedos e incomunicáveis. Mexer com eles nesse dia de ressaca é uma temeridade. Êta situação cômoda!
A euforia da véspera dá lugar à calmaria, diria que à melancolia. Onde o foguetório que iluminou o céu, no mundo todo (já imaginaram a quantidade de gases, causadores do efeito-estufa, gerada por esses fogos?!), que encheu o Planeta de estrondos, para o desespero dos animais domésticos (meus nove gatos e meu fiel cãozinho Nick não entenderam nada e estão estressados até agora)? Onde os votos, juras e resoluções da passagem de ano? Bastaram parcas horas para que fossem esquecidos.
O tal espírito de cordialidade e solidariedade, que reinou (ou disseram que reinou) nos dias de festas, já foi para o espaço. Agora é o momento de se voltar à rotina. Quem sempre foi egoísta, egoísta continuará. Quem sempre foi alienado, permanecerá nessa mesmíssima condição. O violento seguirá praticando violência e encontrando (ou pelo menos tentando encontrar) justificativas para o seu mau-bofe. O corrupto continuará lançando mão do que não lhe pertence, subornando e se deixando subornar. E assim por diante. Afinal... a vida continua.
“E o que tudo isso tem a ver com literatura?”, perguntará, irritado, o leitor que curte sua ressaca e mal consegue disfarçar o mau-humor. Respondo: nada e, simultaneamente, tudo. Nada, pelo fato do escritor (o meu caso) não ser o guardião das vida de ninguém. Cada qual paga e recebe na medida do que faz e dá. Mas, paradoxalmente, tem tudo a ver.
Por que? Porque somos os cronistas por excelência do nosso tempo, testemunhas oculares confiáveis de como as pessoas se comportam e se relacionam. Ao mesmo tempo, somos os guardiões das tradições, que transmitimos, em nossos textos, de uma geração a outra. E somos, sobretudo, arautos do futuro, que desejamos, do fundo da alma, que seja melhor do que o presente. Mas não nos limitamos a desejar. Fazemos a nossa parte, atuando como uma espécie de “consciência” da sociedade (como o grilo falante do Pinocchio, por exemplo).
Embora lidemos com sonhos e fantasias, nossa verdadeira matéria-prima é a realidade, nua e crua, raramente sublime, dificilmente elogiável, e quase o tempo todo horrenda e cruel. Mesmo que sejamos antipáticos aos alienados, que não enxergam um só palmo diante do nariz, esse é o nosso papel, o nosso destino e a nossa missão que, certamente, haveremos de cumprir. Enfim... a vida continua...
Boa leitura.
O Editor.
Caros leitores, boa tarde.
Está bom, a festa acabou!!! Milhões de pessoas lotaram, na noite de ontem, os principais pontos de reunião das grandes metrópoles – como a praia de Copacabana, no Rio de Janeiro (que congregou cerca de dois milhões de brasileiros e turistas estrangeiros), a Avenida Paulista, em São Paulo (que reuniu outros estimados dois milhões), a Esplanada dos Ministérios em Brasília (com a presença de mais meio milhão), e assim por diante – para recepcionar, com euforia, 2010. Alguma novidade? Nenhuma!
Embora tanta gente haja saído às ruas para festejar – e isso em quase todas as partes do mundo – a despeito, repito, dessas multidões, quem pôde festejar, infelizmente, foi uma incipiente minoria de privilegiados. A maioria... Bem, não vou tocar nesse assunto, não pelo menos hoje.
Para uma parcela considerável dos “festeiros”, hoje é dia de ressaca. Muitos estão acordando agora, mal-humorados e azedos, com espírito absolutamente diferente do de ontem, com a boca amarga, cabeça parecendo que vai explodir, gosto de “guarda-chuva” na boca, azia e outras tantas manifestações desagradáveis, conseqüências dos excessos cometidos na véspera.
Para quem festejou o reveillon em casa, as coisas não são muito diferentes. Pior para as mulheres, aquelas que não podem se dar o luxo de ter empregadas, desesperadas com a balbúrdia bem no coração dos seus domínios.
É incrível a quantidade de sujeira, de copos quebrados, de bebidas derramadas nos sofás e tapetes e outras coisas mais que uma simples reunião familiar, posto que festiva, pode deixar! Principalmente quando os convivas exageram na bebida. E nessas ocasiões, raros são os comedidos.
E os marmanjos... bem, estes estão refestelados nas poltronas, babando, à frente da TV mas sem prestar atenção nela, azedos e incomunicáveis. Mexer com eles nesse dia de ressaca é uma temeridade. Êta situação cômoda!
A euforia da véspera dá lugar à calmaria, diria que à melancolia. Onde o foguetório que iluminou o céu, no mundo todo (já imaginaram a quantidade de gases, causadores do efeito-estufa, gerada por esses fogos?!), que encheu o Planeta de estrondos, para o desespero dos animais domésticos (meus nove gatos e meu fiel cãozinho Nick não entenderam nada e estão estressados até agora)? Onde os votos, juras e resoluções da passagem de ano? Bastaram parcas horas para que fossem esquecidos.
O tal espírito de cordialidade e solidariedade, que reinou (ou disseram que reinou) nos dias de festas, já foi para o espaço. Agora é o momento de se voltar à rotina. Quem sempre foi egoísta, egoísta continuará. Quem sempre foi alienado, permanecerá nessa mesmíssima condição. O violento seguirá praticando violência e encontrando (ou pelo menos tentando encontrar) justificativas para o seu mau-bofe. O corrupto continuará lançando mão do que não lhe pertence, subornando e se deixando subornar. E assim por diante. Afinal... a vida continua.
“E o que tudo isso tem a ver com literatura?”, perguntará, irritado, o leitor que curte sua ressaca e mal consegue disfarçar o mau-humor. Respondo: nada e, simultaneamente, tudo. Nada, pelo fato do escritor (o meu caso) não ser o guardião das vida de ninguém. Cada qual paga e recebe na medida do que faz e dá. Mas, paradoxalmente, tem tudo a ver.
Por que? Porque somos os cronistas por excelência do nosso tempo, testemunhas oculares confiáveis de como as pessoas se comportam e se relacionam. Ao mesmo tempo, somos os guardiões das tradições, que transmitimos, em nossos textos, de uma geração a outra. E somos, sobretudo, arautos do futuro, que desejamos, do fundo da alma, que seja melhor do que o presente. Mas não nos limitamos a desejar. Fazemos a nossa parte, atuando como uma espécie de “consciência” da sociedade (como o grilo falante do Pinocchio, por exemplo).
Embora lidemos com sonhos e fantasias, nossa verdadeira matéria-prima é a realidade, nua e crua, raramente sublime, dificilmente elogiável, e quase o tempo todo horrenda e cruel. Mesmo que sejamos antipáticos aos alienados, que não enxergam um só palmo diante do nariz, esse é o nosso papel, o nosso destino e a nossa missão que, certamente, haveremos de cumprir. Enfim... a vida continua...
Boa leitura.
O Editor.
Sim, meu querido editor continua.
ResponderExcluirSei que os prognósticos são verdadeiros.
Que o mundo está à beira do caos.
Então o que fazer?
Sigo o meu caminho, acompanhada ou só.
E, se não dá pra acreditar no ser humano
sigo acreditando em mim mesma.
A minha cachorrinha meliante, a Lola
não tem medos de fogos, corajosa!
Igual a dona.
Beijos
Meus gatos ainda estão ressabiados, andando cautelosamente pela casa, miando sem motivos aparentes, pq uma turma de alienados daqui da minha rua, entusiasmados por uma catarse de mentecaptos, estourou cabeças-de-negro à bel-prazer madrugada adentro, sinistros e ameaçadores. Diante disso, desejar feliz 2010 pode parecer irônico, mas, apesar de tudo, mantenho os votos.
ResponderExcluirTambém estou vendo a vida assim, desde ontem, o primeiro dia do ano. Não entrei no blog porque não atualizei o link nos favoritos e já estava implicada com a falta e atualização daqui. Hoje apelei e vi que eu é quem não estava atualizada. Mas, voltando ao assunto, quem era o pior, continua pior. Quem passou a vida reclamando que não fez isso ou aquilo devido àquela pessoa malvada que a impede de produzir coisas maravilhosas, continuará na mesma toada. Enfim, nada mudou, apenas o calendário.
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