quinta-feira, 21 de janeiro de 2010




Ideia morta

* Por Cacá Mendes

Hoje estou no aqueles dias, sabe, e como homem não derrama sangue, fica aquela coisa seca, batendo osso com osso e uma certa briga de foice no meu interior; que haja pasto pra essas doidas que cortam a torto e a direito, ô...

Tenho uma ideia que julgo ser a máxima, mas logo vem outra toda cheia de si, e vai logo tirando a roupa, mostrando a coisa e tal, eu sem jeito, querendo desistir, e ela me vem seduz, pisa do alto dos seus sapatos (toc, toc, toc), e logo aparece uma outra então, me arrebenta no clarões das luzes de tão cristalina de ser e... Ah, eu quero isso, quero aquilo, aquele outro...

Assim sendo, não sendo, fico sem ser, sem ser. E quem vai desbancar a doida daquela outra ideia mais que maluca, mais que forte, mais do que tudo aquilo, ó?! Recuo feito um preá assustado, no canto do brejo, no canto do açodamento...

Depois, no depois, pensando bem, não, afogar-me em água tudo bem, mas em eixo de pântano, não. Não me rendo, não! Faço greve, não escrevo, quero ver quem me tira com ela, rá.
- Ora, malvada peste dos aqueles e dos acolás, morra, antes do existir! Te enterro, agora. Morta.

Poderia e deveria escrever sobre a dor, a minha profunda dor e impotência diante do que se acontece no além, no além de nós, no além das nossas forças, no além das nossas terríveis naquele Haiti que não é, e nunca foi o aqui, o aqui. E isso talvez baste.

* Jornalista – blog: www.cronicaseg.blogspot.com

2 comentários:

  1. Dá uma angústia, uma vontade de
    jogar tudo pra cima.
    Tantas idéias, mas todas em rebelião
    contra nós.
    Adorei o texto Cacá.

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  2. Valeu, Nubia, por sua palavras! Um beijo daqui

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