
Devo-lhes explicação
Caríssimos e pacientes leitores, boa tarde. Continuem trazendo mais “seguidores” para o Literário. Não faz muito, éramos, apenas, um quase imperceptível grupinho. Hoje, já somos uma pequena multidão. E continuamos crescendo. Mas não é sobre isso que tratarei nesta edição.
Quando afirmei que sou como um químico maluco, com pretensões a alquimista, que mistura, a esmo, várias substâncias para ver no que vai dar, com riscos de explodir o laboratório, muitos (generosamente) acharam que eu estava exagerando. Não estava. Tanto que transformei o espaço para editoriais, em geral sisudo e não raro até pernóstico, num bate-papo descontraído entre amigos.
Já que mudei tanto as características destes textos diários, mudo um pouco mais. Devo-lhes uma explicação de público a propósito dos meus novos livros “Cronos & Narciso” (crônicas) e “Lance Fatal” (contos). Ambos já eram para estar à venda, a todo o vapor, mas não estão. E por que? Porque fui atropelado pelas circunstâncias.
Os dois livros estavam previstos para serem lançados até o Natal de 2008. A Editora Baraúna aprontou-os em tempo. Pouco antes, eu havia pedido textos para todos os colunistas do Literário da época (entre eles o Nei Duclós e o Fábio de Melo). Todos me atenderam. Uns destinavam-se a compor as “orelhas” dos livros e os outros, iriam para as contracapas. E isso foi feito.
Os livros foram editados, revisados, tiveram as capas escolhidas e elaboradas e até foram aprontados dois volumes, um de cada, a título de prova, para minha aprovação final. Aprovei-os. Ficaram lindos. “Então por que não foram lançados?”, perguntará o leitor mais curioso ou mais impaciente.
Ocorre que eu não saldei as despesas pactuadas com a Baraúna (de diagramação, revisão, registro etc.). E por que não o fiz? Por ser caloteiro? Não, não e não! Ocorre que por uma grande infelicidade, uma pessoa da família, da mais alta estima, adoeceu gravemente. E embora eu conte com um bom plano de saúde, quem já passou por problema como este sabe a quanto sobem as despesas. Os medicamentos no Brasil, infelizmente, são caríssimos. Ademais, os planos de saúde não cobrem todos os exames e tratamentos e sempre os mais caros.
Para complicar, todas as despesas e esforços acabaram sendo vãos. A doença era tão grave, que essa pessoa tão querida faleceu. É certo que a medicina, hoje, conta com recursos que até não faz muito não contava. Mas há limites para o tratamento. Os médicos tiveram atuação exemplar, mas não houve jeito.
Para complicar, tive que arcar com as despesas de sepultamento, “salgadíssimas”. Gastamos o olho da cara para viver e também para morrer. Por causa disso, não arquei com os custos pactuados com a editora, que demonstrou paciência digna de Jó. Não me cobrou em momento algum e sequer impôs juros ao meu débito.
Em duas semanas, sairei de férias. Terei, pois, um razoável dinheiro extra para fazer o tal acerto e ver, finalmente, meus dois novos “filhos espirituais” nascerem. Muitos colegas do Literário certamente estranharam o meu silêncio a respeito dos livros.
É que eu estava envergonhado em confessar que estava em falta com a editora. Mas entre amigos, não devem haver segredos. Daí vir, hoje, a público para dar-lhes uma satisfação. Afinal, mesmo que com pequeníssima parcela, vocês, de uma forma ou de outra, são co-autores dos livros. E vergonha, como dizia meu saudoso pai, “é roubar e não poder carregar”.
Se tudo correr bem (e vai correr), no mês que vem, depois do Carnaval, “Cronos & Narciso” e “Lance Fatal” estarão agitando os meios literários. E prometo fazer um barulho infernal para que vendam bastante. Não, claro, pelo dinheiro que isso possa render. Mas até em memória do ente querido, que tanto tentei salvar, em vão.
“E o que isso tem a ver com literatura?”, perguntará aquele visitante ranzinza, que entra neste espaço apenas para encher o saco. Nada e tudo. Esta explicação não é essencial ou sequer necessária para uma produção literária. Não mesmo. Mas, por outro lado, mostra como é difícil a vida de um escritor num país que precisa tanto de livros, como é o caso do Brasil.
Boa leitura.
O Editor.
Caríssimos e pacientes leitores, boa tarde. Continuem trazendo mais “seguidores” para o Literário. Não faz muito, éramos, apenas, um quase imperceptível grupinho. Hoje, já somos uma pequena multidão. E continuamos crescendo. Mas não é sobre isso que tratarei nesta edição.
Quando afirmei que sou como um químico maluco, com pretensões a alquimista, que mistura, a esmo, várias substâncias para ver no que vai dar, com riscos de explodir o laboratório, muitos (generosamente) acharam que eu estava exagerando. Não estava. Tanto que transformei o espaço para editoriais, em geral sisudo e não raro até pernóstico, num bate-papo descontraído entre amigos.
Já que mudei tanto as características destes textos diários, mudo um pouco mais. Devo-lhes uma explicação de público a propósito dos meus novos livros “Cronos & Narciso” (crônicas) e “Lance Fatal” (contos). Ambos já eram para estar à venda, a todo o vapor, mas não estão. E por que? Porque fui atropelado pelas circunstâncias.
Os dois livros estavam previstos para serem lançados até o Natal de 2008. A Editora Baraúna aprontou-os em tempo. Pouco antes, eu havia pedido textos para todos os colunistas do Literário da época (entre eles o Nei Duclós e o Fábio de Melo). Todos me atenderam. Uns destinavam-se a compor as “orelhas” dos livros e os outros, iriam para as contracapas. E isso foi feito.
Os livros foram editados, revisados, tiveram as capas escolhidas e elaboradas e até foram aprontados dois volumes, um de cada, a título de prova, para minha aprovação final. Aprovei-os. Ficaram lindos. “Então por que não foram lançados?”, perguntará o leitor mais curioso ou mais impaciente.
Ocorre que eu não saldei as despesas pactuadas com a Baraúna (de diagramação, revisão, registro etc.). E por que não o fiz? Por ser caloteiro? Não, não e não! Ocorre que por uma grande infelicidade, uma pessoa da família, da mais alta estima, adoeceu gravemente. E embora eu conte com um bom plano de saúde, quem já passou por problema como este sabe a quanto sobem as despesas. Os medicamentos no Brasil, infelizmente, são caríssimos. Ademais, os planos de saúde não cobrem todos os exames e tratamentos e sempre os mais caros.
Para complicar, todas as despesas e esforços acabaram sendo vãos. A doença era tão grave, que essa pessoa tão querida faleceu. É certo que a medicina, hoje, conta com recursos que até não faz muito não contava. Mas há limites para o tratamento. Os médicos tiveram atuação exemplar, mas não houve jeito.
Para complicar, tive que arcar com as despesas de sepultamento, “salgadíssimas”. Gastamos o olho da cara para viver e também para morrer. Por causa disso, não arquei com os custos pactuados com a editora, que demonstrou paciência digna de Jó. Não me cobrou em momento algum e sequer impôs juros ao meu débito.
Em duas semanas, sairei de férias. Terei, pois, um razoável dinheiro extra para fazer o tal acerto e ver, finalmente, meus dois novos “filhos espirituais” nascerem. Muitos colegas do Literário certamente estranharam o meu silêncio a respeito dos livros.
É que eu estava envergonhado em confessar que estava em falta com a editora. Mas entre amigos, não devem haver segredos. Daí vir, hoje, a público para dar-lhes uma satisfação. Afinal, mesmo que com pequeníssima parcela, vocês, de uma forma ou de outra, são co-autores dos livros. E vergonha, como dizia meu saudoso pai, “é roubar e não poder carregar”.
Se tudo correr bem (e vai correr), no mês que vem, depois do Carnaval, “Cronos & Narciso” e “Lance Fatal” estarão agitando os meios literários. E prometo fazer um barulho infernal para que vendam bastante. Não, claro, pelo dinheiro que isso possa render. Mas até em memória do ente querido, que tanto tentei salvar, em vão.
“E o que isso tem a ver com literatura?”, perguntará aquele visitante ranzinza, que entra neste espaço apenas para encher o saco. Nada e tudo. Esta explicação não é essencial ou sequer necessária para uma produção literária. Não mesmo. Mas, por outro lado, mostra como é difícil a vida de um escritor num país que precisa tanto de livros, como é o caso do Brasil.
Boa leitura.
O Editor.
Não há o que se questionar Pedro.
ResponderExcluirSucesso no lançamento de seus "filhos".
Beijos