O
ontem e o amanhã
* Por
Evelyne Furtado
Em
dezembro meu olhar se volta inteiro ao que foi ontem e ao que será
amanhã, janeiro.
Dias quentes nos quais abraço a quem vejo e mesmo a quem não vejo sinto tão perto, tão dentro.
Escorre o sol em minha pele seivando palavras que expressem a vontade de um amor incandescente no qual insisto em crer. E creio.
Vale a pena renovar o desejo a cada dezembro. Domando a ansiedade, própria do mês corrente, como se o mundo disparasse para acabar ali na frente, sigo querendo acertar meus passos com a vida antes que outro ano se faça presente.
Adiarei, entretanto, suas exigências. Deixarei para amanhã as compras às quais me entregarei de qualquer jeito. Certamente esquecerei alguém e morrerei de aflição por alguns segundos no Natal.
Reprisarei alguns votos monotonamente. Evitarei o trânsito e a tristeza loucamente. Esquivar-me-ei de pessoas em shopping centers. Mas desejarei amar enormemente.
Com todos os transtornos e tropeços; com os calores e as saudades que se acentuam mês adentro, ainda assim, aqueço a esperança ao céu de dezembro.
*
Poetisa,
cronista e psicóloga de Natal/RN.
Sabedoria que os janeiros trazem, especialmente em dezembro.
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