Canta pra mim!
* Por
Ana Deliberador
Aquela moça era
bonita. Aliás, bonita era pouco: era realmente linda, deslumbrante!
Toda semana vinha ao banco, via o saldo, tirava algum
dinheiro, pagava uma conta, conversava um pouco e ia embora.
Ismael, sempre que a
via, deixava o que estivesse fazendo e corria
atendê-la. Aos poucos foram se tornando “velhos conhecidos” e o baixinho
passou a mostrar uma intimidade que começava a incomodá-la.
A cada dia que
passava, mais galanteador Ismael se mostrava. A moça, sempre tratando-o muito
educadamente, fingia que não entendia as investidas. Até que numa dessas idas
ao banco, escutou da boca de seu
gerente:
– Quer sair comigo
esta noite? Eu vou cantar pra você debaixo das estrelas. Só nós dois!
Muito sem jeito,
intimidada com a ousadia, aceitou o
convite e foi embora.
A noite chegou e
encontrou um Ismael feliz, banhado e perfumado, indo ao local combinado e que,
mais feliz ainda ficou ao ver que o carro dela já estava lá.
Estacionou com um
sorriso no rosto e já estava descendo do carro quando foi violentamente
agarrado pelo colarinho e arrastado de
encontro ao corpanzil de um marido muito
zangado!
– É você que gosta de
cantar? Não ia cantar pra minha mulher? Então canta, mas é pra mim! Canta
Galopeira! Canta!
E entre safanões e
ameaças, gaguejando e desafinando…
– Galopeeeeeeeira!
* Professora, pintora e escritora
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