quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Pré-carnaval no Elos Clube


* Por Mara Narciso


São 20 h e 30 m. É tão simples chegar, ser bem-recebido, conduzido a uma mesa na qual os foliões foram separados por afinidade, envolver-se pela meia luz, do jeito que deve ser um grito pré-carnavalesco, observar a decoração singela, mas eficaz, com toalha até o chão, confete, serpentina, máscaras, óculos, apitos, som mecânico e esperar pela música ao vivo para daqui a pouco. Amigos e conhecidos vão chegando, para um encontro simples e agradável, desde que a equipe tenha trabalhado bem. E trabalhou.

Já há algum tempo sem programação carnavalesca, o Elos Clube de Montes Claros se vê vivenciando um pré-carnaval, além da expectativa. A presidente Ana Valda Vasconcelos recepciona com sua amabilidade e educação tradicionais, acolhendo com simpatia. O ruim foi quase não aparecer nas fotos, devido ao seu envolvimento com a ação.

A divulgação boca a boca, a adesão e o pagamento do ingresso de preço justo simplificaram tudo, finalizando com uma lista de nomes na portaria. Isso deu mobilidade e liberdade aos convidados. Com casa cheia, festa ao ar livre num pátio com plantas no entorno, ao fundo uma cobertura com piso deslizante, propício para a desinibição e a dança, na parede dos fundos três painéis brancos com grandes bolas coloridas dão o tom da folia. À direita, os instrumentos musicais da bateria aguardam, para logo mais levantar os foliões, reunidos por amizade em número de quase cem.

No centro uma mesa com bebidas e ao lado, a outra com prato quente. Assim, cerveja, refrigerante e água foram servidos por garçom e o escondidinho de carne-de-sol e dois tipos de caldos foram auto-servidos na noite fresca.

As fantasias são para brincar de faz de conta e divertir, naquele ambiente familiar, onde quase todos se conhecem. O clima acolhedor, não tem censura, e quem quer, embala-se ao som do Carnaval. Os celulares filmando não intimidam, então, quem dança, continua, sem se importar com as lentes. No local estão grupos em confraternização, amigos celebrando aniversários simultâneos, cordões atravessando a área, gente vivendo a festa.

O evento saiu da mente criativa da elista Beatriz Santana, que imaginou o acontecimento, desde a concepção até a arte final, decoração e empenho para que tivesse música ao vivo, além de, vestida de palhaço, ciceronear os convidados levando-os aos seus lugares. Isso fez a diferença, pois hoje, as mesas das festas têm muitas cadeiras e chegar sozinho, escolher um assento e ser aceito é uma loteria, que pode transformar a noite em desconforto e até mesmo precipitar a volta para casa.

O ponto alto foi a apresentação da bateria do Bairro Morada do Parque cujo mestre é Josecé Alves dos Santos, uma fera do ritmo. Boa parte das pessoas parece reservada, contida, mas, se anima com o clima receptivo e envolvida pela batucada, levanta-se num impulso e se deixa contagiar. A música não tem idade e a empolgação é livre.

Resgatando uma tradição antiga do Carnaval de clubes, e suprindo a vontade das pessoas de rever amigos e dançar, o Elos Clube mostra organização, logística e coragem de ousar num período de racionamento de água, quando foi necessário montar um esquema especial para minorar a escassez, fazendo parte do trabalho na véspera e reservando o líquido para lavar os vasilhames.

Mais tarde, novamente as marchinhas tocadas de forma mecânica animaram a brincadeira, que findou sob protestos após duas e meia da manhã. Saber usar os ingredientes certos altera o resultado e foi o que aconteceu. Em termos de Carnaval, para quem tem tudo, parece pouco, mas para quem não tinha nada é o bastante. E que venham outros carnavais.

* Médica endocrinologista, jornalista profissional, membro da Academia Feminina de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico, ambos de Montes Claros e autora do livro “Segurando a Hiperatividade”   



Um comentário:

  1. Como já aconteceu outras vezes por aqui, estive lá. E agradeço o carnavalesco passeio! Abraços, Mara.

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