sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Soneto romântico


* Por Luís Guimarães Filho


Pousa os olhos nos meus... deixa voar
Os nossos sonhos que outro sonho enlaça...
Eu quero ler a imaculada graça
Dos juramentos que tu tens no olhar!

Escuta as dores do profundo mar!
Vê como sofre o vento quando passa!
E como é triste a cândida desgraça
Que existe na eloquência do luar!

E enquanto os outros vivem padecendo,
No mundo vil, - no mundo atroz e horrendo -
Nós dois, como os amantes da balada,

Vamos sofrer de novo as amarguras
E repetir as imortais loucuras
Do nosso amor, ó companheira amada!

(Ave Maria, 1900)


* Diplomata, poeta, romancista e teatrólogo, membro da Academia Brasileira de Letras.

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