terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

A vida sem manual



* Por Evelyne Furtado



Algumas pessoas sabem como agir em cada passo da vida, ou ao menos assim demonstram; outras hesitam nas transições (naturais ou não) e são essas que me interessam no momento.

Refiro-me àquelas que se sentem perdidas entre uma fase e outra da vida; as que ciclicamente perguntam-se o quê e como fazer a partir de então.

Em algumas situações nos assustamos ante a percepção de que a vida não vem com manual e nossas mentes revisitam os conhecimentos adquiridos procurando respostas para uma equação de difícil solução.

Temos consciência de que algumas saídas anteriormente exploradas já não nos servem, enquanto outras não nos motivam o suficiente para transcendermos.

Os sinais são múltiplos e os caminhos vários, o que só aumenta a confusão interior.

Pessoas queridas nos oferecem afeto, apoio, conselhos e exemplos de caminhadas. O amor é nutrição mais que bem-vinda, porém nosso caminho é singular. Cada experiência é única.

Os livros são valiosos: a filosofia oferece algumas respostas e mais perguntas; os romances e a poesia nos encantam e albergam nossas almas cansadas.

A fé é um dos recursos mais importantes, pois conforta e dá sentido à existência. Não acredito na sobrevivência da humanidade sem a crença coletiva em um ser superior.

Mas se não podemos continuar no mesmo compasso de antes e não descobrimos quais os seguintes, uma pausa é salutar para o reabastecimento sem culpa, pois até os grandes param, que o diga Dr. Freud, que estancou diversas vezes durante a elaboração de sua teoria psicanalística.

Se possível – e quase sempre é – que a angústia que acompanha a travessia seja temperada com alegria e prazer, sinais valiosos de que vale a pena insistir na reinvenção da vida até que os primeiros passos sejam dados na nova direção.



* Poetisa e cronista de Natal/RN

Um comentário:

  1. É imperativo não deixar a vida se esvaziar, criando novas metas a cada etapa vencida.

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