terça-feira, 21 de abril de 2015

Pulitzer consagra o escritor Anthony Doerr.


Os prêmios Pulitzer, instituídos em 1917 por Joseph Pulitzer – que chegam, portanto, à sua 98ª edição –  acabam de ser divulgados nos Estados Unidos, em suas 21 categorias. Embora eu seja jornalista (e ame minha profissão), a mim interessa, sobretudo, a premiação literária, já que, óbvio, este nosso espaço é voltado especificamente à Literatura. Portanto, tratarei, especificamente, dela. E nela, seis escritores acabam de ser consagrados, dos quais, apenas um é relativamente bem conhecido no Brasil. Refiro-me a Anthony Doerr, que ganhou a medalha de ficção, por seu romance “All the lights we cannot see”. Quem não o conhece ainda, terá a oportunidade de conhecê-lo. A Editora Intrínseca, revelando grande agilidade e, por que não dizer, senso de oportunidade (e um tantinho de sorte) acaba de publicar o livro premiado, devidamente traduzido para o português, com o título “Toda luz que não podemos ver”. Ponto para ela.

O romance em questão é best-seller nos Estados Unidos. Não é, portanto, nenhuma surpresa ter valido um Pulitzer ao autor. O curioso é que Anthony Doerr, nascido em Cleveland, no Estado de Ohio, em 27 de outubro de 1973 (irá completar, portanto, neste ano, 42 anos de idade)  não é, propriamente, romancista. Não, pelo menos, preferencialmente. Ele é, por formação, historiador, embora não tenha concorrido na categoria de História. Bem, esclareço que a ficção não lhe é estranha. O livro premiado não é seu primeiro romance. Tempos atrás, Doerr publicou “About Grace”, inédito no Brasil, que fez até relativo sucesso. Lançou, também, dois volumes de contos, “The Shell colector” e “Memory Wall”. Embora ainda bastante jovem, esse escritor conta, em sua bibliografia, com o livro de memórias “Four seasons in Rome”.

A avaliação positiva, quase unânime, da crítica ao seu romance premiado e, agora, a conquista do Pulitzer, fazem de Anthony Doerr candidato quase que natural ao Prêmio Nobel de Literatura. Bem, aí as coisas complicam um pouco, dada a existência de uma infinidade de escritores já consagrados na “fila de espera”. Mas... nunca se sabe o que se passa na cabeça dos jurados da Academia Sueca, aos quais cabe a atribuição da premiação literária mais prestigiada, e também a mais polêmica do mundo.

“Toda luz que não podemos ver” narra os caminhos de uma garota francesa cega e de um menino alemão, que se encontram numa França ocupada pelos nazistas enquanto tentam sobreviver à Segunda Guerra Mundial. Tão logo leia o romance, proponho-me a traçar comentários estritamente pessoais, como sempre faço, a propósito. Por enquanto, resta-me crer na competência e no bom gosto literário dos jurados que atribuem o Pulitzer. Embora essa premiação tenha como objetivo principal reconhecer a excelência em jornalismo nos Estados Unidos, os prêmios de caráter literário conferem enorme prestígio aos ganhadores e lhes garantem polpudos contratos com editoras.

Mas há outras cinco categorias literárias nesse prêmio. A que gera maior expectativa nos círculos de Literatura é a de poesia. E o ganhador deste ano foi o poeta, natural de Filadélfia, na Pensilvânia, Gregory Pardlo, de 47 anos, pela obra “Digest”. Como se vê, é a nova geração norte-americana de escritores conquistando seu espaço, no saudável processo de renovação. O Pulitzer de teatro foi conferido ao dramaturgo novaiorquino Stephen Adly Guirguis, pelo livro “Between Riverside and crazy”. A jornalista nascida no Bronx, em Nova York, Elizabeth Kolbert, de 54 anos, foi a premiada na categoria de não-ficção, com a obra “The sixth extinction: um unnatural history”.

A historiadora Elizabeth A. Fenn, professora da “University of Colorado Boulder”, conquistou o prêmio de História pelo livro “Encounters of the world: a history of the mandam people”. Finalmente, o veterano biógrafo novaiorquino de 67 anos, David I. Kertzer (nascido em 20 de fevereiro de 1948), foi o distinguido na categoria Biografias. A obra que lhe valeu o prêmio é destas que gostaria de ler, por envolver um personagem para lá de polêmico. O título é “"The Pope and Mussolini: the secret history of Pius XI and the rise of fascism in Europe". Afinal, tudo o que é secreto e que alguém se proponha a revelar, sempre desperta interesse e, sem dúvida, tende a provocar muita polêmica. Creio que seja o caso desse livro premiado de Kertzer.

A expectativa é a de que as nossas editoras sejam tão ágeis como a Intrínseca foi em relação ao romance de Anthony Doerr e adquiram os direitos de publicação no Brasil dos outros livros premiados com o Pulitzer e os lancem o mais breve possível entre nós. Afinal, diz a lógica, a própria premiação faz com que eles tenham o signo da excelência e, portanto, do potencial sucesso de vendas.

Boa leitura.


O Editor.

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