segunda-feira, 27 de abril de 2015

Amante da liberdade


* Por Adelcir Oliveira


Regresso. Apenas faço isto. E flerto. Não com alguma mulher, senão com algum tom mais poético. Sou levado por um destes novos coletivos. Muito confortáveis e bonitos. Falta apenas ar-condicionado que traga alívio ao calor em dias quentes. Vão comigo algumas pessoas as quais não conheço. Somos estranhos uns aos outros. Muito provavelmente ninguém gostaria de trocar uma palavra que fosse com qualquer um presente. Eu sou um deles. Faz tempo perdi a paciência para papo furado. Prefiro o silêncio tanto meu quanto alheio. Por favor.

A temperatura nesta cidade varia tanto quanto os humores. Mas quanto a isto há uma diferença: a da previsibilidade. Nós humanos, meramente humanos, somos assim bastante imprevisíveis. E isto é ainda mais corriqueiro nas pessoas que são um pote até aqui de emoções. Falo e sei o que digo. Vivo e vivencio a mim mesmo. Refiro-me sobretudo a um passado cuja distância de pouco importa. Hoje, em termos emotivos, tudo segue mais reto.Que bom. Até quando.

Voltando ao tempo, ao clima. Um tanto frio, mas nem tanto. Bares que vejo pelas ruas que o ônibus passa, da janela, estão cheios. Se a noite estivesse quente como em breve estará, como ontem esteve, mais copos teriam espaços preenchidos pelo líquido destilado. Depois, muitos devidamente alcoolizados, guiariam indevidamente seus veículos. Não que não haja lei. Lei há. Mas não é para todos. É que estamos em uma democracia bastante imperfeita. Parece até um fingimento democrático que se dá no Brasil. Não à toa grupo sai às ruas  e quebra o público e o privado. É a vingança autoritária contra a falsa democracia. É preço pago. Consequência. A violência contra  a população pobre é maior. Deveras maior. Que fazer? Quebrar tudo?

Se o ônibus passeia por diversas ruas, eu passeio por diversos temas. E misturo. Escrevo. Divago. Como quero. Como gosto. Pode me chamar de amante. Refiro-me à liberdade. Esta que tanto amo. E tanto nos falta. Tolo aquele que poda ainda mais sua liberdade, o que resta dela. Eu já o fiz. E escapei. Pela porta da frente. E saí para a rua. Para a vida. E assim, agora em diante, sigo e seguirei. Errei? Não, aprendi. E nessa aula que a vida me deu aprendi sobretudo a meu respeito, não importando se meu "eu" é fictício ou não. Que seja. E assim for. Aprendamos sobre nosso personagem. A vida ficará mais tranquila deste modo.

•      Blogueiro e corretor de imóveis


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