Eu cuido da saúde em primeiro lugar
* Por Mara Narciso
Quem não gosta de ir
ao médico, precisa experimentar o prazer de um exame negativo. A pessoa vem
tendo um sintoma, que a incomoda bem, e dura alguns dias. Vai ao médico, cheia
de preocupação. Como a consulta tem efeito terapêutico, o sintoma vai se
acalmando, e o melhor, os exames solicitados mostram que o problema passou. Não
foi nada. Tal medo não escolhe idade. Crianças também temem pelo pior. Num
momento assim, nada como um médico solidário, interessado, sem pressa, para
acolher, explicar, alertar e acalmar.
Mulheres reclamam de
ser submetidas ao exame de mamografia anualmente. Dizem que dói, porque aperta
demais. Ser submetida a esse tipo de tortura medieval não é nada. O ruim é
aguardar o resultado. Imagino que todas devem se sentir apertadas na hora de
abrir o laudo. E caso venha positivo, reunir forças para enfrentar o tratamento
convencional, longo e doloroso.
São comuns as queixas
de pacientes sobre médicos nervosos, apressados, e algumas vezes até
grosseiros, dando respostas ríspidas. Educação cabe em todos os tempos e
lugares. A experiência traz maturidade e calma, mesmo diante de provocações. É
preciso chamar o doente à responsabilidade de forma respeitosa, coisa que
alguns médicos não conseguem fazer. É bom que a medicina sirva, sem escravizar.
Trata-se para viver, e seguir vivendo, apavorado com a doença, não vale a pena.
É preciso sabedoria para lidar com ela, e o melhor caminho para tal é através
de bons médicos.
A razão pode ampliar
ou reduzir os sintomas. Depende de como a pessoa lida com o racional. Nesse
ponto, entram em cena a fé ou a psicanálise com seus incontáveis benefícios.
Nem o mais cético dos médicos, eu incluída, desconhece o poder da fé. Em 35
anos de medicina vi múltiplos episódios inexplicáveis pela ciência. Pessoas em
condições semelhantes sejam físicas ou financeiras, e com a mesma doença,
apresentaram passo a passo evoluções disparatadas, algumas vezes opostas. Em
busca de explicação, pensa-se no poder da mente e na confiança, seja na
medicina, seja na religião.
Quando a medicina não
pode resolver, as pessoas procuram caminhos alternativos. A Rede Bandeirantes
de Televisão apresentou em abril uma série de reportagens sobre os aspectos da
fé, interferindo no binômio saúde/doença. Impressiona a peregrinação de gente
do mundo inteiro à pequena cidade goiana de Abadiânia, local onde reside o
fazendeiro de pouca instrução, João Teixeira de Faria, conhecido como João de
Deus, que executa milagres através da incorporação de espíritos de médicos. Ele
tem 72 anos, e opera pessoas com ou sem cortes. Tudo é feito à vista de todos,
sem cuidados com esterilização ou anestesia. O que é visto causa impacto até no
mais descrente dos descrentes.
O operado em público
não sente dor, a ferida se fecha instantaneamente, e não há infecções. Pessoas
cegas voltam a enxergar e paraplégicos voltam a andar. E na frente de todo
mundo. Aqueles que se sentem curados, voltam para prestar serviços à
comunidade. Médicos acompanham os trabalhos. Ainda que o exercício ilegal da
medicina seja crime no Brasil e seus praticantes são chamados de charlatães,
tais procedimentos seguem seu curso, sem ser importunados, e fazendo bem à
maioria das pessoas.
Segundo a Wikepédia,
foram tratados por João de Deus: Luiz Inácio Lula da Silva, Chico Anysio, Maria
da Graça Xuxa Meneghel, Marcos Frota, Hugo Chavez, Bill Clinton, Wayne Dyer e
Shirley McLaine. O médium ficou famoso após ser entrevistado por Oprah Winfrey.
Li sobre doentes que abandonaram a medicina tradicional, fizeram tratamentos
alternativos e morreram. Boa parte deles já estava, na época, “desenganados”
pela medicina, com doença incontrolável pelos meios habituais, e se enveredaram
por searas não tradicionais. O mais inexplicável é que, depois de buscarem
curas espirituais, receberam o milagre.
Melhor não tentar
explicar o que não conseguimos entender. Sugere-se que não sejam abandonados os
tratamentos convencionais e os alternativos devam ser usados como complemento.
Vê-se que a fé remove doenças, inclusive graves e incuráveis. As curas aconteceram
à frente de todos, ainda que alguns continuem duvidando dos seus próprios
olhos.
*Médica endocrinologista, jornalista
profissional, membro da Academia Feminina de Letras e do Instituto Histórico e
Geográfico, ambos de Montes Claros e autora do livro “Segurando a
Hiperatividade”
Nenhum comentário:
Postar um comentário