sexta-feira, 2 de abril de 2010




Justiça e paixão

* Por Silvana Alves

Março de 2008, final de mês.. sábado de Páscoa. Lembro-me que eu estava em casa, e liguei o micro, acessei o portal UOL e da Globo, e lá estava; nos dois Portais, a mesma notícia: "Criança cai do 6º andar de Prédio". Notícia que na hora chamou minha atenção. Como que uma criança, quase meia-noite, cai de um prédio?

No dia seguinte acompanhei as chamadas pelos sites noticiosos e pela TV. Bastaram alguns dias para que a notícia mudasse “Pai e madrasta são suspeitos de jogar a menina de 6 anos do prédio”.

E, a partir daí, toda a mídia e a sociedade tiveram olhos apenas para esse fato. Nos últimos dois anos, que antecederam o julgamento dos réus, Alexandre Nardoni e Ana Carolina Jatobá, a sociedade esperou, ansiosa, pela condenação.

Não vou entrar em detalhes, pois esses, todos nós conhecemos. Afinal, o crime, o julgamento e todo o fato tornaram-se espetáculo para uma platéia; platéia essa que condenou o pai e a madrasta.

Não quero aqui criticar Nardoni e nem Jatobá, pois a justiça dos homens já foi feita. E creio que ainda há muita coisa para ser explicada. O que o público esperava, não aconteceu: a confissão.

A mãe de Isabella, Ana Carolina de Oliveira, nunca será curada completamente, pois quando se perde um filho, como diria minha avó, “perde-se um pouco de si”. Na verdade, o que quero falar, é alertar a sociedade, que teve um peso enorme sobre os júris. Quero pedir que reflita.

Refletir porque Alexandre e Ana Jatobá, agora condenados, têm família, têm filhos, irmãos, primos, pais.... esses, sim, sofrerão com a perda da neta, com a condenação dos filhos, mas, principalmente, com o pré-julgamento da sociedade, que os marcará para sempre, devido ao sobrenome.

Talvez daqui a 5, 6, 10 ou mais anos, os criminosos confessem, e expliquem o que de fato aconteceu naquela noite. O que os fez tomar essa atitude tão cruel. Ou, talvez, a sociedade nunca saberá o que de fato ocorreu.

Pra ser sincera, creio que a sociedade nem quer saber. Quer apenas a condenação. E ficará indignada se daqui há alguns poucos anos, o casal for solto. Talvez, quem ler esse texto não entenderá meus pensamentos.

A única coisa que peço é que, independente do que pensam, rezem, orem e peçam para que Deus abençoe a vida dessas pessoas. A pequena estrela Isabella, com certeza, de onde estiver, perdoou quem fez essa maldade com ela. E, o mais importante: Isa está em paz!

* Jornalista formada pela FATEA (Faculdade Integrada Teresa D´Ávila). Duas palavras falam por mim: vida e poesia.

2 comentários:

  1. Que a sociedade não julgue
    os filhos.
    Parabéns Silvana
    Abraços

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  2. Precisamos evitar o pré-julgamento apriorístico sim, e não podemnos desvalorizar a imensa capacidade de mobilização que a imprensa tem de fazer o julgamento prévio e influenciar as pessoas. Do meu ponto de vista(será que tenho um? Isento, já que só multiinfluencidada pela mídia?), é que eles pagarão sim, pela monstruosidade que fizeram. E que fiquem os anos todos a que foram condenados, trancafiados em suas celas. Mas, que não deixem essa herança triste aos seus filhos.

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