terça-feira, 20 de abril de 2010




Em Olinda não existe pecado

* Por Talis Andrade

Em Olinda passa-se o tempo
repechando pelas ladeiras
Em Olinda passa-se o tempo
repensando besteiras
a arte de transformar sapo-rei
a alquimia da noite saturnina
a calcinação de cinzas em cocaína
as cinzas que ficam no fim dos túmulos

Em Olinda não há pecado
Em Olinda há dezoito bicas
no Varadouro
para lavar a alma
lavar o corpo

Em Olinda passa-se o tempo
batendo nas portas das casas e capelas
pedindo reza
pedindo festa

Festa de igreja
festa de santo
festa de rua
É carnaval nos Quatro Cantos

Publicado in “Vinho Encantado”

* Jornalista, poeta, professor de Jornalismo e Relações Públicas e bacharel em História. Trabalhou em vários dos grandes jornais do Nordeste, como a sucursal pernambucana do “Diário da Noite”, “Jornal do Comércio” (Recife), “Jornal da Semana” (Recife) e “A República” (Natal). Tem 11 livros publicados, entre os quais o recém-lançado “Cavalos da Miragem” (Editora Livro Rápido).

2 comentários:

  1. O pecado de Olinda está na alegria
    e difusão de cores, que insistem em
    chamar a minha atenção.
    Não percebê-la? Impossível.
    Abraços

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  2. Que lindo. Olinda me veio à cabeça e ao corasção ao ler este poema. Lindo,lindo! Tális!

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