

Já não sei ortografia
* Seu Pedro
Com tantas mudanças ortográficas, a minha cabeça está em parafuso. Ou seria para-fuso? Os hífens serão abolidos nas palavras em que a segunda é iniciada pelas letras “r” e “s”. Assim não mais teremos para-raio, e as tempestades da nova maneira de escrever cairão sobre nós. Então comecem a me perdoar, pois mesmo sendo jornalista, lembro aos leitores que não me chamo Aurélio. E assim como a Folha de São Paulo, que mantém a “Erramos”, uma sessão especial onde o leitor pode apontar eventuais erros, por exemplo os ortográficos, meu computador ainda teima em acentuar (ou seria seção, ou cessão?).
Afinal o jornal cede ao leitor uma participação em sua redação. Mas onde errei? Despreparado, mas metido a ser escritor, eu “pimba”, lasquei, em recente crônica, a palavra “concerto” onde caberia “conserto”, pela atual maneira de se escrever. Foi bom, pois aferi se quem recebeu o e-mail estava lendo de fato as minhas divagações.
Os leitores mais condescendentes dizem que "errar é humano". Os mais radicais dizem que “errar é burrice”. E os mais amigos e irmãos nos dão, diplomaticamente, um puxão de orelha, e devolvem o texto, trocando a cor da palavra duvidosa. O documento que Lula assinou, válido a partir de 1° de janeiro, pelas previsões cairá no esquecimento, como já esta caindo no esquecimento a Lei Seca, com o pessoal enchendo a bexiga de cerveja.
E não precisa ser astróloga para fazer esta previsão. Basta dar aulas, a exemplo de Cidinha Baracat, professora e membro da Academia Araçatubense de Letras, senhora que ainda nem conheço, mas que, na Internet, dela extraí: “Não vejo utilidade alguma nessa reforma ortográfica. Aliás, nem acredito que ela entrará em vigor. Precisamos melhorar o nível de ensino de nossa língua, não reformá-la. As mudanças previstas em nada contribuirão para aumentar a capacidade de ler e entender textos, menos ainda de produzi-los com clareza e correção”.
Eu mesmo, e até parece que sou tão velho assim, continuo falando “um mil reis”, ao pedir, por exemplo, os caramelos que compro para as minhas amadas filhas. São coisas que nascemos ouvindo e está provado que o aprendizado cognitivo é o mais intimo conosco, mesmo ausente de uma freqüência escolar.
Meu computador teve “aprendizado” cognitivo e continua escrevendo freqüência com tremas no “ü”. Enquanto não vier nova geração de programas, gerando mais lucro para a Microsoft, ele não se adaptará à nova ortografia, e eu continuarei fazendo o papel de analfabeto. Quem sabe só fazendo “xizinhos” não se viverá melhor? Venho fazendo “x” aos montes na mega-sena, que na verdade agora é megassena.
(*) Seu Pedro é o jornalista Pedro Diedrichs, editor do jornal Vanguarda, de Guanambi, Bahia.
* Seu Pedro
Com tantas mudanças ortográficas, a minha cabeça está em parafuso. Ou seria para-fuso? Os hífens serão abolidos nas palavras em que a segunda é iniciada pelas letras “r” e “s”. Assim não mais teremos para-raio, e as tempestades da nova maneira de escrever cairão sobre nós. Então comecem a me perdoar, pois mesmo sendo jornalista, lembro aos leitores que não me chamo Aurélio. E assim como a Folha de São Paulo, que mantém a “Erramos”, uma sessão especial onde o leitor pode apontar eventuais erros, por exemplo os ortográficos, meu computador ainda teima em acentuar (ou seria seção, ou cessão?).
Afinal o jornal cede ao leitor uma participação em sua redação. Mas onde errei? Despreparado, mas metido a ser escritor, eu “pimba”, lasquei, em recente crônica, a palavra “concerto” onde caberia “conserto”, pela atual maneira de se escrever. Foi bom, pois aferi se quem recebeu o e-mail estava lendo de fato as minhas divagações.
Os leitores mais condescendentes dizem que "errar é humano". Os mais radicais dizem que “errar é burrice”. E os mais amigos e irmãos nos dão, diplomaticamente, um puxão de orelha, e devolvem o texto, trocando a cor da palavra duvidosa. O documento que Lula assinou, válido a partir de 1° de janeiro, pelas previsões cairá no esquecimento, como já esta caindo no esquecimento a Lei Seca, com o pessoal enchendo a bexiga de cerveja.
E não precisa ser astróloga para fazer esta previsão. Basta dar aulas, a exemplo de Cidinha Baracat, professora e membro da Academia Araçatubense de Letras, senhora que ainda nem conheço, mas que, na Internet, dela extraí: “Não vejo utilidade alguma nessa reforma ortográfica. Aliás, nem acredito que ela entrará em vigor. Precisamos melhorar o nível de ensino de nossa língua, não reformá-la. As mudanças previstas em nada contribuirão para aumentar a capacidade de ler e entender textos, menos ainda de produzi-los com clareza e correção”.
Eu mesmo, e até parece que sou tão velho assim, continuo falando “um mil reis”, ao pedir, por exemplo, os caramelos que compro para as minhas amadas filhas. São coisas que nascemos ouvindo e está provado que o aprendizado cognitivo é o mais intimo conosco, mesmo ausente de uma freqüência escolar.
Meu computador teve “aprendizado” cognitivo e continua escrevendo freqüência com tremas no “ü”. Enquanto não vier nova geração de programas, gerando mais lucro para a Microsoft, ele não se adaptará à nova ortografia, e eu continuarei fazendo o papel de analfabeto. Quem sabe só fazendo “xizinhos” não se viverá melhor? Venho fazendo “x” aos montes na mega-sena, que na verdade agora é megassena.
(*) Seu Pedro é o jornalista Pedro Diedrichs, editor do jornal Vanguarda, de Guanambi, Bahia.
O caos transformou-se em duplo caos. Também de nada me serviu a reforma. Será preciso fazer um curso de pelo menos 60 horas para aprender a usar o hifen. Enquanto isso vamos protestando, pois mais não podemos fazer.
ResponderExcluirFico aqui torcendo para que os demais países ignorem a nova ortografia. Aí, quem sabe, a ABL se manca e volta atrás, pq ninguém gostou dessas mudanças que atendem a interesses alheios aos homens comuns. Nesse impasse, me solidarizo ao cronista que teme pela desautorização de seus atuais conhecimentos. Boa, seu Pedro!
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