terça-feira, 23 de junho de 2009




Auto-retrato

* Por Adailton Medeiros

Diante do espelho grande do tempo
sinto asco
tenho ódio
descubro que não sou mais menino
Aos 50 anos (hoje — 16 / 7 / 88 (câncer) sábado — e sempre
com medo olhando para trás e para os lados)
questiono-me (lagarto sem rabo):
— como deve ser bom
nascer crescer envelhecer e morrer

Diante do espelho grande na porta
(o nascido no jirau: meu nobre catre) choro-me:
feito asno velhote pétreo ser incomunicável
sem qualquer detalhe que eu goste
(Um espermatozóide feio e raquítico)

Como nas cartas do tarô onde me leio
— eis-me aqui espelho grande quebrado ao meio

* Jornalista e poeta, autor dos livros “O sol fala aos sete reis das leis das aves” e “Bandeira vermelha”.

Um comentário:

  1. Desejo que essa amargura tenha passado, e que hoje não passe de um momento ruim já esquecido.

    ResponderExcluir