quarta-feira, 17 de junho de 2009


Negras memórias

* Por Samuel da Costa

A José Bento Rosa

A pele é negra
A minha pele
Tem que ser negra
O olfato negro...
Ao fato negro
O fator negro
É sempre negro
O poder negro
Do mercado negro
Quer manchar nossa história
Que compõe nossa estória
Que é sempre negra
Como meu passado é negro
Que tem o tom da minha pele
Cor negra por todos os lados
Cor de ébano
Como minha memória...
Negras memórias
De um pobre negro...
Do negro pobre
Que é sempre negro
Como meu passado negro
Que não é negro
Mas é negro
Tão negro como minha pele...
...negra
Pois tenho origem no velho continente
O velho mundo
Que é negro
Assim como minha pele
Que é negra
Pois somos
Os braços
As pernas
A nação proletária
Com as costas marcadas
Das chibatas
Negra...
Que movimentaram
Que movimentam
Que movimentarão
O futuro...
Desta Terra
De novo mundo...
Sou negro
Assim como minhas...
...memórias
Que alguns tentam
Em vão apagar
Minha consciência é negra
Meu passado é negro
Meu futuro há de ser negro

* Poeta e cronista de Itajaí/SC

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