sábado, 27 de junho de 2009




Já ando em curto-circuito

* Seu Pedro

Quando a energia elétrica aumenta a tensão, o que eu noto pelo giro do ventilador cujas palhetas saem da brisa suave indo para um vendaval, ou pelas lâmpadas que clareiam mais e me trazem a impressão que vão estourar, a isto se chama “pico de energia”. Por ser assim, quando ela sai dos 220W, padrão aqui da Bahia, e vai para abaixo dos 200, eu pego o telefone e reclamo. E sei que está assim porque meu computador apaga, me fazendo perder crônicas, artigos e notícias, na maioria na finalização do texto. A minha taxa de glicemia sobe e eu saio do sério. Se isto acontecesse uma vez ao ano, menos mau. Mas há dias em que acontece tantas vezes que a cada hora me aborreço por um ano.

E isso acontece depois de haver levado para o conserto o estabilizador de computador, o que não pode ser consertado, após três dias consecutivos com o desce e volta da energia da Coelba, concessionária que atende pessimamente este sertão, ao ponto de haver deixado dezenas de cidades às escuras por dois dias, no fim de ano de 2007. Foi a queda de um poste da linha de transmissão. Imaginem se caem dois!

Irritado e com atitude de nada amigo, telefonei para reclamar. E não o faço pelo fone reclamação via 0800, pois a cada ordem da gravação para apertar a tecla de um número, e são tantas, o número de minha glicemia, causado por minha diabete emocional, sobe intoleravelmente. Ainda mais se a voz do outro lado disser: “Aguarde um minuto”, que comigo já chegou a vinte minutos, e quem sabe quanto seria se eu não houvesse desligado.

Foi mal para meu emocional telefonar para a gerência local quando do outro da linha um funcionário graduado da empresa, até amigo em algumas horas, vestindo a camisa surrada e apertada da empresa, tentou justificar: “Mas nem sempre é culpa da empresa, os moradores ligam muitos aparelhos...”. Antes que dissesse “ao mesmo” tempo deu vontade de lhe dizer uma feiúra verbal.

E para quê então servem os aparelhos?! Por isso, para que não me aleguem que não houve “pico”, eu, doravante, chamarei as quedas de voltagem de “buraco negro”. Aquele em que nada se vê, assim como não vemos algum bom atendimento na empresa, que só sabe mandar diretores a cada falha, tal como nas setenta e duas horas de breu.

Acho que, não só a mim, mas a muitos consumidores, a “vingança” chegou quando a Defensoria Pública do Estado denunciou o “estelionato da Coelba”, ou “golpe do seguro”, através do núcleo de Defesa do Consumidor. A justiça tem em mãos uma ação civil pública contra a empresa, por esta contrariar o código ao oferecer, em paralelo ao último extrato de consumo mensal, um seguro opcional de forma equivocada.

Agora é torcer para que, sem oscilações, aplique pesada multa, e que seja aumentada em dobro por seu descaso neste sobe e desce da energia, não só causando o prejuízo material, mas a perda pelo tempo parado, o agravamento das doenças dos diabetes ou das cardiovasculares, e ainda a chateação do preenchimento de tantos formulários e a longa espera pela indenização. Que saudades do lampião de querosene! Pena que ainda não inventaram um computador movido a tal combustível!

(*) Seu Pedro é o jornalista Pedro Diedrichs, editor do jornal Vanguarda, de Guanambi, Bahia.

Um comentário:

  1. Pois é seu Pedro, um computador a lenha não seria de todo mau. Vamos aguardar. Mas deixando o bom-humor de lado, melhor mesmo era se a Coelba gastasse em ampliação das redes e com isso evitasse os apagões, breus e afins.

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