terça-feira, 30 de junho de 2009




Amor X sexo

* Por Fábio de Lima

Estou pensando sobre essa mania das pessoas de ‘ficarem’ umas com as outras sem nenhum compromisso. Aqueles relacionamentos moderninhos. Acho que isso surgiu no começo dos anos 1990, primeiro entre os adolescentes, e, hoje, já está disseminado entre as pessoas, de uma forma geral, principalmente os jovens.

Antes se pensava que dar uns beijos, mesmo que mal se conhecesse a pessoa, não teria problema algum. Afinal, que mal teria beijar alguém? Beijar e tão gostoso. Se deu vontade, beija e pronto. Se os dois gostarem do beijo pode haver repetição. Se os dois não tiverem interesse, ficará só naquela vez mesmo e fim.

Eu demorei para me adaptar a essa nova realidade dos relacionamentos. Durante muito tempo achei idiota ficar. Chegou uma hora que passei a encarar isso com naturalidade. Continuo acreditando no amor e prefiro mil vezes namorar alguém. Mas, se numa festa surge a oportunidade de eu apenas ficar – não me furto desse desejo.

Atualmente entro nos shoppings e me assusto com a baixa idade dos casais. Uns devem ter 11 ou 12 anos no máximo. Eles se abraçam e se beijam de tal forma que deixam pessoas mais velhas totalmente constrangidas. Essa sexualidade precoce e que também é chamada, por alguns, como ‘amor precoce’, me preocupa, embora eu não queira ser puritano. Creio que cada um sabe sobre seu coração e sobre seus desejos.

Agora, se namorar está fora de moda e se na própria TV o casamento já é mostrado como um conto de fadas que normalmente ocorre somente no último capítulo da novela, como deve ficar o amor e o sexo na cabeça das novas gerações de agora em diante? O amor e o sexo virarão contrapontos e se desligarão os significados de uma palavra para a outra, para sempre, ou estamos vivendo apenas uma fase?

* Jornalista e escritor, ou “contador de histórias”, como prefere ser chamado. Está escrevendo seu primeiro romance, DOCE DESESPERO, com publicação (ainda!) em data incerta.

4 comentários:

  1. Perguntas difíceis de responder, caro Fábio, mas de qualquer forma vc deve tirar algum proveito da situação. Se mal não faz, que mal há nisso?

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  2. Nossa, disse exatamente o que penso sobre o assunto, tirou as palavras da minha boca! Parabéns!

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  3. Eu acho que todo esse " frisson" tem nome : Vazio existencial. Ninguém gosta mais de ninguém. Ninguém investe mais em ninguém . E assim seguimos todos como dizia Renato Russo " O mal do século é a solidão...cada um na sua arrogância esperando um pouco de afeição...."
    Quanto a sexo e amor. Acho que um não tem nada a ver com o outro. Melhor quando juntamos os dois. Beijar aleatoriamente acho anti-higiêncio. Um porre.
    Bem, quanto a namorar aos 12 anos, não vejo problema. Eu tinha 12 anos quando namorei pela primeira vez. Meu namorado tinha 18. Foi um namorinho gostoso próprio da idade e não me deixou nenhum tipo de trauma.

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  4. Reza a lenda que as mulheres se dão melhor no sexo quando existe um afeto acoplado ao ato. A minha geração acreditou piamente nesse mito. A turma mais jovem há tempos entede uma coisa totalmente separada da outra. Não sei se é bom, ou ruim, sei que é diferente do meu jeito. Se for para as pessoas se aceitarem e respeitarem mais, então é bom. Se for para apenas usarem e descartarem uns aos outros, então pode não ser tão bom. Pior é quando um fica e o outro se enamora. O que um vê o outro pode não enxergar. Que a nova geração possa ser mais feliz do que foi a minha. De minha parte, as quatro vezes em que me apaixonei foram muito boas. Naquele tempo havia amor sem sexo. Hoje isso é impossível.

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