quarta-feira, 17 de junho de 2009


O que importa

Shakespeare constatava, há já alguns séculos, que “nada importa tanto ao homem quanto o próprio homem”. A citação não é literal, mas seu sentido é exatamente este. O que se passa na alma das pessoas e motiva suas ações e reações foi, é e continuará sendo, sempre, o fulcro dos melhores textos já produzidos por escritores de todas as partes e todos os tempos, não importa o gênero que utilizem.
Até o século XIX, os conhecimentos relativos aos pensamentos e sentimentos humanos eram escassos. Romancistas e contistas guiavam-se pela intuição para explicar determinados comportamentos e reações de seus personagens. E criaram obras imorredouras, que até hoje nos encantam e, certamente, irão encantar ainda várias gerações de leitores.
Hoje, nesse aspecto, as coisas estão, paradoxalmente, mais fáceis e mais difíceis. A facilidade está no conhecimento cada vez maior dos pensamentos e sentimentos que movem o homem, dado o avanço de disciplinas como Psicologia, Psiquiatria e Ciência do Comportamento (ou Etologia), além da Antropologia e da Sociologia.
A dificuldade, por seu turno, está, também, justamente nisso. Ou seja, o escritor que não quiser escrever bobagem e pretender criar personagens pelo menos verossímeis, deve ter nem que sejam pálidas noções dessas disciplinas. E parecem, de fato, ter, dada a boa qualidade de inúmeros contos e romances, que parecem mais extensas reportagens, tão reais que são os “atores” dos dramas, tragédias e comédias que inventam e a que dão vida, do que ficção.
Como se vê, o que continua importando, e importará cada vez mais, ao homem é o próprio homem, com sua complexidade, grandeza e, paradoxalmente, vulnerabilidade, pequenez e efemeridade. Não por acaso, os livros classificados como de “auto-ajuda” fazem tamanho sucesso. As pessoas buscam, neles, soluções para seus próprios problemas e contradições. Algumas, talvez encontrem. Outras...

Boa leitura.

O Editor.

Um comentário:

  1. O que impressiona é que os sentimentos que movem o homem são os mesmos desde as primeiras letras.

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