Homem diante do mar
* Por
Emanuel Medeiros Vieira
Homem diante do mar
(instância interrogativa).
Precária caravela.
E finita: a vida
Trapiche:
o homem só contempla
(desembarcado).
No estatuto da memória:
ele se interroga.
(Nunca mais a ação).
No porto: a rapariga rosada estendeu o lenço.
Limo: foram-se a juventude, trapiche, rapariga,
lenço.
(Mátria: sou apenas um homem diante do mar).
Desterro?
O instante convertido em sempre?
O homem desembarcado só pode viver de memória:
diante do mar.
* Romancista, contista, novelista e
poeta catarinense, residente em Brasília, autor de livros como “Olhos azuis –
ao sul do efêmero”, “Cerrado desterro”, “Meus mortos caminham comigo nos
domingos de verão”, “Metônia” e “O homem que não amava simpósios”, entre
outros.
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