quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Homem diante do mar


* Por Emanuel Medeiros Vieira


Homem diante do mar
(instância interrogativa).
Precária caravela.
E finita: a vida

Trapiche:
o homem só contempla
(desembarcado).

No estatuto da memória:
ele se interroga.
(Nunca mais a ação).

No porto: a rapariga rosada estendeu o lenço.
Limo: foram-se a juventude, trapiche, rapariga,
lenço.

(Mátria: sou apenas um homem diante do mar).

Desterro?
O instante convertido em sempre?

O homem desembarcado só pode viver de memória:
diante do mar.

* Romancista, contista, novelista e poeta catarinense, residente em Brasília, autor de livros como “Olhos azuis – ao sul do efêmero”, “Cerrado desterro”, “Meus mortos caminham comigo nos domingos de verão”, “Metônia” e “O homem que não amava simpósios”, entre outros. 





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