sábado, 12 de março de 2016

Remember Anchieta


* Por Luís Augusto Cassas


Passeando descalço - pulmões inflados -
por estas praias solitárias do litoral
em companhia de gente muito importante:
o sol as ondas as dunas brisas coqueiros e gaivotas
(a mais de 3.000 km da Praia de Iperoig;
a 418 anos da 1ª edição do poema
Da Virgem Santa Maria Mãe de Deus)
às vezes detenho-me na alva areia
e com o indicador escrevo teu nome: Maria
Como quem procura as tuas mãos
O mar - exército de lavadeiras - vem e apaga
Escrevo de novo: Maria
As ondas vêm carregam a palavra
arremessam-na contra os arrecifes:
teu nome vira sal e espuma
4.172 vezes escrevo: Maria
4.172 vezes o mar vem e leva a areia
Ó Editores do tempo! Pelas barbas de Gutemberg!
Ó Anchieta! Apóstolo da Palavra!
Merecias ser canonizado - Santo Santo Santo -
por realizares o teu milagre maior: o da Poesia
Enquanto eu - sem a proteção
de Deus e da História
mercê do mar da chuva e maus ventos
não deixarei vestígio:
pedra arremessada
alimento de peixes
ou fósforo apagado
na memória

in “A Poesia Sou Eu”, vol. 1 , p. 129

Este poema consta  no livro  de Rubem Braga, 'A poesia é necessária', com os melhores poetas brasileiros de todos os tempos, pela Global Editora.

* Poeta maranhense.



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