Paulo Leminski: um samurai das letras
* Por
Everi Rudinei Carrara
Dentro de poucos dias,
haverá um evento em Araçatuba, que abordará a importância do saudoso poeta
PAULO LEMINSKI. Sempre considerei Paulo Leminski um dos autores essenciais e um
dos responsáveis pela aglutinação de artistas de música popular brasileira, oriundos
dos estados do Paraná e Mato Grosso do Sul, no início dos anos de 1980.
Leminski transitou
entre os poetas concretistas as traduções de autores diversos, a poesia
oriental, fez uma releitura fundamental
de Jesus Cristo e Trotsky. Mas era uma espécie de outsider, um samurai
das letras. Escreveu o monumental Catatau (escrito no limiar dos anos 70) bem
próximo da exuberância poética de James Joyce e Guimarães Rosa - um livro que raramente se encontrava nas
livrarias comuns, nas décadas anteriores.
Mas LeminskiI combatia
o academicismo conservador, essa elite secular odiada pelos nossos melhores
poetas, artistas e intelectuais combativos. Antes de ler seus livros, tive a
oportunidade de vê-lo na televisão, destroçando argumentos "nacionalistas
passadistas" como diria CAETANO VELOSO. Aliás, Caetano musicou em seu
disco Cinema Transcendental o poema leminskiano "Verdura". Porém o
poder crítico de Leminski se orientou
por certa poética zen. Sua leitura a priori mostra-se fácil, mas a ironia
inteligente se impõe nas entrelinhas.
Em Araçatuba,
encontrei poucos interlocutores sobre a obra poética leminskiana, cito apenas
Adriana Manarelli, Dalva Garcia, Augusto Fiorim (Birigui/sp) e Marcelino
Duarte. Seus livros não vendiam como o besteirol reinante, porque a boa poesia
nunca foi comercialmente rentável.
*
Poeta e crítico musical.
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