Histórias secundárias
* Por
Eduardo Oliveira Freire
Não era bela, como
diziam. Os pais falavam que cuidaria deles, já que ninguém casaria com ela.
Seria uma troca por sustentá-la. Consideravam-na um fardo.
Um dia, quando o
príncipe com seus soldados vieram a sua casa para descobrir a dona misteriosa
do sapatinho de cristal, decidiu saltar no escuro. Era preferível se
esborrachar a ficar inerte. O sapatinho não coube, mas o soldado que tentou
calçá-lo no seu pé sorriu-lhe e se sentiu viva pela primeira vez.
Quando a Cinderela e o
príncipe se casaram. Ela e o soldado fugiram do reino e foram morar num modesto
sítio, herança dos pais do soldado.
Foram felizes na
alegria, na tristeza, nos conflitos, nos momentos serenos, na doença e na
saúde...
***
Quando Aurora espetou
o dedo na roca e a maldição do sono foi executada, A. e B. encontraram-se
através dos sonhos e puderam se entregar ao desejo. Quando o príncipe matou o
dragão e desfez o feitiço de Malévola, ao beijar a princesa adormecida, todos
do reino ficaram felizes. Menos os amantes, já que eram comprometidos com seus
cônjuges e filhos.
***
Quando
Branca de Neve se casou com o príncipe, todos se esqueceram da morte trágica da
Rainha Má. Mas, um corvo sempre visitava o penhasco onde ela caíra e a visitava
todas as manhãs, apesar de ter sido reduzida a um amontoado de ossos. A ave era
uma bela princesa que a Rainha enfeitiçou por inveja. Mas, a jovem,
transformada em corvo, ao invés de odiá-la, sentia-se agradecida por ser
libertada de um mundo rígido de convenções sociais. Era livre.
*
Formado em Ciências Sociais, especialização em Jornalismo cultural e aspirante
a escritor - http://cronicas-ideias.blogspot.com.br/
Nem sempre fácil de ser identificada, a vantagem anda lado a lado dos protagonistas.
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