sábado, 10 de outubro de 2015

Domus

* Por Adélia Prado

Com seus olhos estáticos na cumeeira
a casa olha o homem.
A intervalos
lhe estremecem os ouvidos,
de paredes sensíveis,
discernentes:
agora é amor,
agora é injúria,
punhos contra a parede,
pânico.
Comove Deus
a casa que o homem faz para morar,
Deus
que também tem os olhos
na cumeeira do mundo.
Pede piedade a casa por seu dono
e suas fantasias de felicidade.
Sofre a que parece impassível.
É viva a casa e fala.

(Livro “Oráculos”..., p.25.)


* Adélia Prado é uma das principais poetisas brasileiras da atualidade, autora de vários livros de sucesso. .


Nenhum comentário:

Postar um comentário