As redes sociais seriam só outro
modismo?
As redes sociais, pelo menos para mim, constituem-se em
enorme decepção, em frustração sem tamanho, pelos rumos que tomaram e pelo
retorno que me dão. Admito que a culpa, neste caso, seja (ou pelo menos possa
ser) minha, por acalentar expectativas se não absurdas (pois têm potencial para
ser o que esperava e ainda espero), pelo menos irreais. É o preço que pago por
ser sonhador. E de sonhar não abro mão a despeito da educação cartesiana que
recebi e que determina minha personalidade. Tenho intuição que esses canais democráticos de livre expressão para
quem quiser se utilizar deles não passam de meros modismos, como tantos outros
que existiram e que se acabaram, e que logo também vão ter fim. Espero estar equivocado.
Pois se isso acontecer... será uma pena!
Frequento redes sociais há já doze anos, desde 2003, quando
fui “apresentado” ao Orkut. Na sequência, aderi ao Gazzag. Não tardou, todavia,
para estes dois canais de contato e, supostamente, de aproximação de pessoas, minguarem
(talvez enjoarem os usuários, sabe-se lá!) e... deixarem de existir. Há uns
seis anos, utilizo-me do Facebook e do Twitter. Meus objetivos ao passar a me
utilizar dessas duas redes sociais são diferentes. A finalidade de me valer da
primeira é a de divulgar (exclusivamente, ou quase) minha produção literária e,
da segunda, para opinar sobre política, futebol, comportamento e tudo o mais
que constitui o campo de trabalho da minha principal profissão, o jornalismo.
Sou obcecado por organização e creio que essa separação de
assuntos satisfaz (pelo menos para mim) essa finalidade. No Facebook partilho,
com potenciais leitores, crônicas, ensaios, contos e reflexões literários. Ou
seja, exibo minha “face” de escritor. E reservo o twitter “apenas” para o
jornalista Pedro, buscando ser o mais correto e responsável possível, ciente de
estar tratando de e com pessoas, sem recorrer, pois, a nada que comprometa o
bom jornalismo: o construtivo, positivo, em suma, “o que crê”, que é como
entendo que deva ser essa atividade e como pautei minha longa carreira, de
quase meio século. Nunca fiz, não faço e comprometo-me a jamais fazer o tal do “jornalismo
marrom”, que beneficia a muitos às custas da honra, da tranqüilidade e até do
futuro de milhões.
Abomino, portanto, o sensacionalismo, a meia-verdade, a
parcialidade, as irresponsáveis insinuações e os meros boatos sem a menor
prova, apresentados como “notícias”. Não são! Não me utilizo de estúpidos
estereótipos, de jargões, de “apelidos” dados ao que os que se valem desse
recurso entendem (será que entendem mesmo?) como “informações”, tipo “mensalão”,
“Operação Lava Jato”, “pedaladas” e quejandos, que se tornaram verdadeiras
pragas, como se fosse a disseminação de tiriricas em gramados que poderiam e
deveriam ser saudáveis. Convenhamos, este é um procedimento para lá de comum, e
não de hoje (e não somente no Brasil), mas de longa data, e em todo o mundo,
praticamente desde os primórdios do jornalismo (cuja gênese, aliás, foi
sensacionalista, que priorizava escândalos, crimes e violência de toda a sorte)
atividade, por sinal, relativamente recente: de uns dois séculos ou pouco mais,
se tanto.
Minha decepção com as redes sociais já começa a partir do “alcance”
que elas me proporcionam, que poderia ser quase “infinito”, mas que é anos-luz
aquém do que os jornais em que trabalhei me proporcionavam (já nem falo em
rádio, atividade que exerci por cerca de uma década). Minhas colunas diárias
(literárias ou não) eram lidas por dezenas de milhares de leitores, como se
apurou em pesquisas. No Facebbok e no Twitter, todavia, a cifra de leitores mal
chega ao milhar (no primeiro) e a meras e irrisórias seis centenas (no
segundo).
Os tais “seguidores” (cuja maioria não segue coisíssima
alguma) representam, nas duas redes sociais, percentualmente, qualquer coisa
como 0,00001% dos seus milhões de usuários, e olhem lá. Destes, os que
comprovadamente me lêem são menos ainda. Chegam á pífia e ridícula cifra de uma
dezena no máximo!!! Os amigos que freqüentam minha casa e que têm acesso físico
ao que escrevo (não raro na própria telinha do computador), são, no mínimo,
três vezes mais. É ou não é, pois, monumental perda de tempo esfalfar-me em
pesquisas, redação, revisão etc. para produzir textos que praticamente ninguém
vai ler?!! Ora, ora, ora... E nem preciso lembrar que não faz o mínimo sentido
ser escritor ou jornalista sem a existência de leitores que consumam o “produto”.
Vai daí...
Boa leitura.
O Editor.
Acompanhe o Editor pelo twitter: @bondaczuk
Suas expectativas são altas em relação ao que o público pode lhe dar. Ainda assim, não vejo seu trabalho como perda de tempo. Lembre-se que, se não alcança tantos quanto gostaria, atinge em cheio o coração de muitos. Suas pesquisas são úteis, pois servem para domar o leitor comum. Posso adiar, em certas circunstâncias, mas não perco meu aprendizado diário de ler o que escreve. Não diria que produz uma obra prima por dia, mas produz, ao longo da semana, várias obras primas, ou quase. Já me habituei a essa rotina desde fevereiro de 2007. E acho ótima!
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