segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Senhor do tempo

* Por Núbia Araujo Nonato do Amaral


Eis que finalmente a chuva impiedosa cessou. As moscas reféns de uma umidade pegajosa se debatem. Na terra alagada, pequenos insetos ousam seus primeiros voos. Vermes afloram na terra alimentando os sapos.

Do alto do morro nada se vê, nada se ouve. Os animais na arca agitam-se, alguns gritam, outros apenas esperam. Noé abre o grande portão liberando por espécie cada casal.

No céu pequenas nuvens se formam tornando o ar mais respirável, espantando um cheiro forte de húmus. Quantas vidas se perderam? Quantos sorrisos? E suas histórias? Deixarão saudades?

Noé segue na mesma direção dos pássaros, pensando quem sabe na possibilidade de um dia ser perdoado.

 * Poetisa, contista, cronista e colunista do Literário


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