Chega de saudades!
* Por
Clóvis Campêlo
Mais um ano se inicia
e mesmo sem querer levar em consideração a divisão artificial do tempo, obra
fragmentária do ser humano racional, somos impulsionados e repensar projetos e
questões pessoais, reconsiderar amizades e propostas de vida.
Todo redirecionamento
implica em aproximações e afastamentos. Qualquer relação esmaece diante da
constatação de que mudamos nós, ou os outros; diante da constatação de que
diminuíram, ou mesmo cessaram os nossos pontos comuns, os pontos de interseção.
Se de início esse fato
pode nos parecer assustador e isolante, vamos verificar a posteriori que no
novo caminho nos aparecerão outras identidades e referências. O que de novidade
irá se nos oferecer, vai depender da nossa capacidade de aceitação ou não.
Como diz o poeta, o
novo sempre vem. E muitas vezes não nos sobrará nada, ou muito pouco, do que
antes nos alimentava as ideias e relacionamentos.
Chega de saudades,
portanto! Saudades do que já se foi e já se esgotou no desdobramento do tempo.
Muitos se voltam para trás, receosos de seguir em frente. Tentarão reter as
mudanças com a justificativa de que no passado havia mais ordem e progresso, ou
talvez até mesmo por terem a ele (o passado) sobrevivido. Talvez tentem até
interpretar o momento presente com as explicações emboloradas do passado, com
teorias que, embora já tenham sido úteis antes, mostram-se um tanto quanto
ineficazes hoje. Talvez, por não terem digerido o que se foi, tentem reviver o
passado de forma inútil e dolorosa. Não adianta: o novo sempre vem!
Outros ainda,
incapazes de se conterem no momento presente, tentarão antecipar o futuro, sem
perceber que o futuro se constrói no presente e que não se antecipada de modo
algum: tudo tem a sua hora e o seu tempo.
Enfim, viver hoje como
se não houvesse amanhã, respeitando, porém, o que já se passou e contribuiu
para a nossa formação, e respeitando e entendendo que o que haverá de vir será
apenas a resultante do nosso somatório de forças no presente.
Todos são livres e
responsáveis para construir o amanhã e construir a sua liberdade. Todos tem o
direito à vida e à felicidade.
Recife, janeiro 2015
* Poeta, jornalista e radialista,
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