Alto José do Pinho
*Por José Calvino
“Onde o sambista ritmado
Com seu pinho acompanhado
Faz sua oração fiel”
A maioria
dos meus amigos leitores de Casa Amarela, considerado o maior bairro do grande
Recife, leram os meus livros, sobretudo os que falam sobre “Reminiscências de
minha Casa Amarela”. Sábado, 05 do corrente mês, em conversa com alguns amigos,
Selva, Marcílio Lins e Wilson do Morro, falamos sobre quem foi José do Pinho?
Ninguém até hoje não sabe. Falamos nos habitantes e um fator importante para
ocupação destes nos arredores da Av. Norte foi a Feira de Casa Amarela. Muitos
feirantes vieram do interior do Estado e passaram a morar nos morros, como
também a Fábrica de Tecidos Othon, mais conhecida por Fábrica da Macaxeira. As
casas eram de taipa e capim, com luz de candeeiro.
Mas, eu
estava mais interessado mesmo era em saber quem foi José do Pinho? Então,
resolvemos subir o Alto e conversar com Carlinhos (amigo de infância) e Marcos
Simão, presidente da Associação dos Amigos do Alto José do Pinho. Conversa vai,
conversa vem, contei um acontecido no Alto (anos 50), quando um desordeiro
disse aos policiais da Rádio Patrulha: “Me ganha, vem, me ganha, pra ver uma
coisa!” E nada do nome Zé do Pinho. Aí foi quando eu “engoli a corda” cantando
“Casa Amarela”, cuja terceira estrofe acima, de minha autoria, no verso fala na
palavra“pinho”, do livro “Miscelânea Recife”, p. 113 – Ed. esgotada. Marcos
Simão lembrou então da versão que gentilmente nos presenteou com o livro “Aqui
do Alto a história é outra”, excelente aliás, para o que se propõe, um trabalho
realizado de pesquisas com a narrativa dos moradores do Alto José do Pinho. O
nome do bairro encontra-se relacionado a uma figura enigmática (...) há
diversas versões e nenhuma delas pode-se definir como verdade factual. Ele
virou uma espécie de lenda, de muitas lendas...
Contam os
moradores, que o nome foi dado graças a um proprietário de terras que cobrava
os aluguéis , de nome José, que andava com um violão feito da madeira pinho.
Era dono de uma troça carnavalesca, de nome“Inté Meio Dia”, com sede no bairro
de Casa Amarela. Realmente, eu conheci (anos 50) esta troça, mas o seu
presidente era Reinaldo Alvim (falecido).
Na minha
opinião a versão mais plausível é referente a um antigo boêmio violonista de
nome José, que vivia de farras fazendo serenatas e que fabricava violões feitos
com madeira pinho. Daí então ficou conhecido por José do Pinho e as suas
visitas diziam subir o Alto José do Pinho. Até 1974 o Alto pertencia ao bairro
de Casa Amarela. Em 1988, com a reestruturação dos bairros do Recife, o lugar
foi elevado à categoria de bairro.
*Escritor, poeta e teatrólogo. Blog Fiteiro Cultural – http://josecalvino.blogspot.com/
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