Abre-te, Sésamo!
* Por Daniel Santos
Há
certas festas que se fecham para nós e, mesmo com o convite em mãos,
adivinhamos o veto no olhar de todos: não nos querem ali. E, se insistimos em
entrar, tomamos um pé no traseiro sem direito a revanche.
Essa
lição sobre limites da alegria aprendemos mais cedo ou mais tarde, tal como
ocorreu semanas atrás a uma sobrinha muito querida quando compareceu ao
aniversário de sua amiga na boate de um shopping.
Segundo
disse, chegou uma hora mais cedo para apreciar as vitrines e, quem sabe,
comprar alguma roupa da moda. Logo percebeu, no entanto, que mesmo as ofertas
com supostos descontos lhe eram inacessíveis.
Deu
de ombros à indigência financeira e procurou a tal boate, mas errou de endereço
e entrou noutra casa de diversão, onde foi barrada por falta de convite e
também por excesso de lotação. Ela chegara atrasada.
Encontrou,
finalmente, outra boate, mas ali só se admitia o ingresso com fantasias.
Tratava-se de festa para convidados exclusivos, de onde a baniram com olhar
excludente. E lá se foi ela, por falta de roupa adequada.
No
quarto piso do shopping, o alívio: chegara aonde pretendia. Mas havia tanta
gente que ... Empurrou um, esbarrou noutro, e nada. Não conseguia mesmo entrar!
Só então entendeu: estava definitivamente fora.
* Jornalista carioca. Trabalhou como repórter e
redator nas sucursais de "O Estado de São Paulo" e da "Folha de
São Paulo", no Rio de Janeiro, além de "O Globo". Publicou
"A filha imperfeita" (poesia, 1995, Editora Arte de Ler) e
"Pássaros da mesma gaiola" (contos, 2002, Editora Bruxedo). Com o
romance "Ma negresse", ganhou da Biblioteca Nacional uma bolsa para
obras em fase de conclusão, em 2001.
Exclusão levada ao extremo. O peixe no seco não pode nadar.
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