quarta-feira, 17 de julho de 2013

Brasil like a Boss

* Por Fernando Yanmar Narciso

A década de 2010 tem sido super agitada em todo o mundo. O modelo de república representativa está em franco declínio, pois as pessoas enfim se deram conta que o governo não os representa hoje nem nunca, e anseia por mudanças... E o gigante voltou a chapar no Rivotril. As grandes manifestações do mês passado não mais se repetiram, deixando a impressão que, no fundo, a briga foi mesmo só por causa de 20 centavos... Que foi? Nossas reivindicações foram atendidas? Tá saindo caviar e Crystal das torneiras? A educação não é mais uma vergonha nacional?

A figura do político messiânico, do salvador da pátria... Por que os brasileiros costumam se ferrar toda vez que aparece esse tipo de gente? A última figura messiânica a realmente salvar uma nação foi o grande Nelson Mandela. Depois dele, tentaram esboçar alguma coisa com a eleição de Obama, mas aparentemente ficou só na modalidade falada. Semanas atrás, o Egito derrubou aquele que o povo esperava ser o novo messias. Mohamed Mursi (Nome de iogurte?), o primeiro governante eleito democraticamente no país, foi deposto por mostrar certas inclinações ditatoriais e fundamentalistas islâmicas, ameaçando o estado laico, que conseguiu ser mantido a duras penas até agora.

Na mesma semana da derrocada de Mursi, aquele que os brasileiros enxergavam desde ano passado como o grande justiceiro, paladino sem máscara e devorador de mensaleiros, “nosso herói”Joaquim Barbosa, foi acusado de matar o dia de trabalho, pegar avião da FAB com dinheiro público para ver um jogo da seleção e ainda deu uma mãozinha pra empregar o filho no Caldeirão do Huck. Imagino que Zé Dirça & Cia. devem estar rindo até hoje...

Fato é que o brasileiro se deixa levar pela emoção e não consegue apostar certo quando aparecem esses políticos de cajado na mão. Collor foi eleito porque era jovem, metido a galã, milionário e aparentava ter seriedade, apesar de ser um tanto descompensado emocionalmente. O país mordeu a língua um mês depois de ele ter chegado ao poder. Anos mais tarde, Lula foi levado ao poder nos braços do povo com a promessa de sacudir o barraco e acabar com a corrupção. Ainda estamos esperando que desça do monte Sinai, coroné Luiz Inácio...

Mas o que fazer então para revolucionar o mundo da política e, consequentemente, as nações? Bem, na verdade há uma esperança. Aqui em Minas, na cidade de Janaúba, o prefeito eleito ano passado está causando uma pequena revolução. Dono da empresa Brasfrut, que não sabia nada de política, ele foi eleito com a promessa de usar seus dotes de ambicioso administrador para mudar a cara da cidade, e os janaubeses parecem estar muito satisfeito com o que ele tem feito. Para início de conversa, pôs mais da metade da prefeitura no olho da rua.

Será que essa mentalidade funcionaria em escala nacional? Como bem sabemos, as duas coisas que impedem que o país avance são a corrupção e os políticos que a praticam. O povo está tão insatisfeito que pra esvaziar o Congresso na marra e pôr uma placa de VENDE-SE na frente da rampa é daqui pra lá. Já fizeram o mesmo na Primavera Árabe, por que não fazê-lo aqui também? É óbvio que o mundo não precisa de mais políticos, precisa de mais administradores competentes, e para sê-lo, a pessoa não precisa necessariamente entender de política. Minha proposta seria dissolver os três poderes e aplicar no país a mentalidade do país-empresa.

Esquerda, direita, centro, CPI, impeachment, julgamento no STF... Bobagem! Quem precisa disso para liderar? Em vez de presidente, teríamos um “dono” do país, evidentemente eleito pelo povo, e abaixo dele, toda a hierarquia que há em qualquer modelo empresarial escolhida pelo próprio “dono”, como presidente e vice-presidente, gerentes e subgerentes substituindo os senadores, supervisores, coordenadores, etc, etc, etc...

E os subordinados, ou seja, deputados e vereadores, lá embaixo, onde os “trabaiadô” devem ficar. Como em toda empresa, o único com capacidade para tirar e pôr pra dentro quem quiser é o chefe. Se o caboclo der um tropeço qualquer- ou, para usar jargão pollitiquista, cometer improbidade administrativa, é rua! Não tem nem discussão, burocracia ou suborno que salvem sua pele. Demissão irrestrita. Quer uma forma mais fácil de vigiar a corrupção? Seria incrível se um presidente ainda precisasse se submeter às vontades de alguém acima dele, pois assim saberia que nem mesmo ele poderia contar com a impunidade se fizesse alguma besteira.

Como estaríamos numa estrutura empresarial, piramidal, essa seria mais uma forma para quem está lá dentro sentir-se desafiado. Sou a favor da meritocracia. O trabalhador está lá embaixo, na base da pirâmide, mas não há o que o impeça de se destacar entre os demais e subir gradativamente os degraus da empresa. Quantas vezes já não vimos a moça do cafezinho chegar a, digamos, vice-presidente de uma empresa? Claro que algumas chegaram lá por serem amantes do gerente, mas com o suor na testa e persistência pode-se conquistar qualquer coisa. O fantasioso, bom e velho American Way...

Já temos bastante gente oferecendo mais e mais propostas para tentar desatolar a nação desde que as manifestações começaram. Só falta boa vontade do governo para acatá-las. Mera ilusão. Claro que eles vão continuar bancando os surdos-mudos até que o povo se esqueça de que foi brincar de pisar cacau no teto do Congresso e tacar tijolo nas vidraças do Itamaraty.

*Designer e escritor. Sites:


Um comentário:

  1. Alguns sonhos possíveis, outros impossíveis e alguns delírios. Enfim, ideias para ir transformando o gigante letárgico.

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