Fábula do cão capitalista
* Por Herculano Alencar
Era um belo cão! Tinha pedigree!
Seu dono (um burguês de pouca idade)
vivia, qual um poço de vaidade,
de tênis Nike, blusa e calça Lee.
E lá se ia ele, aqui, ali...
a exibir o cão, qual jóia rara:
corrente e coleira das mais caras
vaso granfino pra fazer xixi...
Um certo dia houve um cão vadio,
que por ali vagava na esperança
de algum osso pra encher-lhe a pança,
algum abrigo pra matar-lhe o frio...
quando encontrou o cão e seu burguês:
—Au! Ladrou o vira-lata admirado,
mas só o que ouviu do outro lado
foi o desprezo surdo e a mudez.
Passaram-se os anos. e o burguês
ruiu numa desgraça financeira:
perdeu seu patrimônio, a coleira...
o vaso de xixi, a altivez...
Seu belo cão-amigo "deu nas patas"...
ganhou a rua sem olhar pra trás.
Hoje ele ladra, e mija, e come, e faz
tudo o que faz um velho vira-lata.
• Poeta
* Por Herculano Alencar
Era um belo cão! Tinha pedigree!
Seu dono (um burguês de pouca idade)
vivia, qual um poço de vaidade,
de tênis Nike, blusa e calça Lee.
E lá se ia ele, aqui, ali...
a exibir o cão, qual jóia rara:
corrente e coleira das mais caras
vaso granfino pra fazer xixi...
Um certo dia houve um cão vadio,
que por ali vagava na esperança
de algum osso pra encher-lhe a pança,
algum abrigo pra matar-lhe o frio...
quando encontrou o cão e seu burguês:
—Au! Ladrou o vira-lata admirado,
mas só o que ouviu do outro lado
foi o desprezo surdo e a mudez.
Passaram-se os anos. e o burguês
ruiu numa desgraça financeira:
perdeu seu patrimônio, a coleira...
o vaso de xixi, a altivez...
Seu belo cão-amigo "deu nas patas"...
ganhou a rua sem olhar pra trás.
Hoje ele ladra, e mija, e come, e faz
tudo o que faz um velho vira-lata.
• Poeta
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