O Sputnik e a música popular do Nordeste
* Por Clóvis Campêlo
No dia 4 de outubro de 1957, a então União Soviética enviava ao espaço o primeiro satélite artificial da História, o Sputinik, iniciando a corrida espacial contra os Estados Unidos.
O Sputinik era uma esfera metálica de 83 quilos, dotada de quatro antenas e dois transmissores de rádio. Foi lançado no Cazaquistão, às 2 horas e 28 minutos daquele dia, acoplado a um foguete R7, antecessor do Soyuoz.
Um mês depois do lançamento do Sputinik 1, os soviéticos colocaram em órbita a cadelinha Laika, a bordo do Sputinik.
Nesse mesmo local, quatro anos depois, em 12 de abril de 1961, a União Soviética mantinha a liderança da corrida espacial lançando ao espaço o astronauta russo Yuri Gagarin, o primeiro homem a viajar ao espaço sideral.
Juro que nas noites limpas do Pina, quando o céu era de brigadeiro, procurei em vão com meus olhos de menino essa estranha maquinária flutuando entre as estrelas na abóbada celeste.
Se o Sputinik a mim não se mostrou, inspirou, juntamente com a corrida espacial, a vários compositores e cantores populares do Nordeste, cronistas da sua época, como o paraibano Jackson do Pandeiro e o pernambucano Gildo Branco que os cantaram embalados pelos ritmos nordestinos.
Do primeiro, paraibano nascido na cidade de Alagoa Grande, em 31 de agosto de 1919, e cujo nome de batismo era José Gomes Filho, lembro que gravou a toada "Eu vou pra lua", de autoria de Luiz de França, falecido em 2007, compositor de jóias do cancioneiro nordestino, como o frevo-de-bloco "Panorama de Folião" e que fazia o programa Repórter da Semana na antiga Rádio Clube de Pernambuco. Na música citada, Zé Gomes mistura o Sputinik com o Graf Zeppelin, fazendo do Campo do Jiquiá, onde está localizada a única torre de atracagem do dirigível alemão ainda existente no mundo, local de lançamento para as naves espaciais: "Eu vou pra lua, / mamãe eu vou morar lá, / pego o meu Sputinik no Campo do Jiquiá".
Consta que Jackson do Pandeiro, quando menino, queria tocar sanfona, um instrumento caro para a família pobre poder comprar. Terminou tocando pandeiro para acompanhar a mãe, que era cantadora de côco. O nome artístico vem do ator de faroeste americano Jack Perry, do qual era fã. Jackson do Pandeiro morreu em Brasília, no dia 10 de julho de 1982.
Do segundo, lembro do frevo "A Lua disse", sucesso do carnaval pernambucano de 1962, na voz de Evaldo França: "Gagarin subiu, subiu, subiu, / foi até o espaço sideral, / chegou perto da lua e sorriu, / vou embora pro Brasil que o negócio é carnaval. / A lua disse: "Não vá, demore mais, / pois ouvi que lá na Terra querem me passar pra trás" / Mas o Gagarin não ligou e deu no pé: / "Vou mesmo pro Brasil, eu quero é conhecer Pelé".
Gildo Branco nasceu no Recife, em 27 de julho de 1921, em uma família de músicos flautistas. Era irmão de Aline Branco, famosa cantora da Rádio Clube de Pernambuco, na década de 30. Compositor de frevos-canções, morreu na capital pernambucana, no dia 7 de junho de 1979.
• Poeta, jornalista e radialista
* Por Clóvis Campêlo
No dia 4 de outubro de 1957, a então União Soviética enviava ao espaço o primeiro satélite artificial da História, o Sputinik, iniciando a corrida espacial contra os Estados Unidos.
O Sputinik era uma esfera metálica de 83 quilos, dotada de quatro antenas e dois transmissores de rádio. Foi lançado no Cazaquistão, às 2 horas e 28 minutos daquele dia, acoplado a um foguete R7, antecessor do Soyuoz.
Um mês depois do lançamento do Sputinik 1, os soviéticos colocaram em órbita a cadelinha Laika, a bordo do Sputinik.
Nesse mesmo local, quatro anos depois, em 12 de abril de 1961, a União Soviética mantinha a liderança da corrida espacial lançando ao espaço o astronauta russo Yuri Gagarin, o primeiro homem a viajar ao espaço sideral.
Juro que nas noites limpas do Pina, quando o céu era de brigadeiro, procurei em vão com meus olhos de menino essa estranha maquinária flutuando entre as estrelas na abóbada celeste.
Se o Sputinik a mim não se mostrou, inspirou, juntamente com a corrida espacial, a vários compositores e cantores populares do Nordeste, cronistas da sua época, como o paraibano Jackson do Pandeiro e o pernambucano Gildo Branco que os cantaram embalados pelos ritmos nordestinos.
Do primeiro, paraibano nascido na cidade de Alagoa Grande, em 31 de agosto de 1919, e cujo nome de batismo era José Gomes Filho, lembro que gravou a toada "Eu vou pra lua", de autoria de Luiz de França, falecido em 2007, compositor de jóias do cancioneiro nordestino, como o frevo-de-bloco "Panorama de Folião" e que fazia o programa Repórter da Semana na antiga Rádio Clube de Pernambuco. Na música citada, Zé Gomes mistura o Sputinik com o Graf Zeppelin, fazendo do Campo do Jiquiá, onde está localizada a única torre de atracagem do dirigível alemão ainda existente no mundo, local de lançamento para as naves espaciais: "Eu vou pra lua, / mamãe eu vou morar lá, / pego o meu Sputinik no Campo do Jiquiá".
Consta que Jackson do Pandeiro, quando menino, queria tocar sanfona, um instrumento caro para a família pobre poder comprar. Terminou tocando pandeiro para acompanhar a mãe, que era cantadora de côco. O nome artístico vem do ator de faroeste americano Jack Perry, do qual era fã. Jackson do Pandeiro morreu em Brasília, no dia 10 de julho de 1982.
Do segundo, lembro do frevo "A Lua disse", sucesso do carnaval pernambucano de 1962, na voz de Evaldo França: "Gagarin subiu, subiu, subiu, / foi até o espaço sideral, / chegou perto da lua e sorriu, / vou embora pro Brasil que o negócio é carnaval. / A lua disse: "Não vá, demore mais, / pois ouvi que lá na Terra querem me passar pra trás" / Mas o Gagarin não ligou e deu no pé: / "Vou mesmo pro Brasil, eu quero é conhecer Pelé".
Gildo Branco nasceu no Recife, em 27 de julho de 1921, em uma família de músicos flautistas. Era irmão de Aline Branco, famosa cantora da Rádio Clube de Pernambuco, na década de 30. Compositor de frevos-canções, morreu na capital pernambucana, no dia 7 de junho de 1979.
• Poeta, jornalista e radialista
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