terça-feira, 28 de fevereiro de 2012







Recife & Olinda

*Por José Calvino de Andrade Lima


Do Recife/ De Olinda/ Das pontes/ Das praias/ Dos coqueiros/ Das gaivotas// Dos carnavais/ Dos bares/ Das jangadas/ Das cirandas/ Dos amores// Do poema/ Da lua/ Do sol/ Dos arrecifes/ Dos morros/ Das cidades, cenário encantador, evoca Recife e Olinda.”

23 de dezembro de 2007. Um poema fora feito em parceria com um amigo, na praia de Pau Amarelo. Como é gratificante ter amigos... Fiquei emocionado com o seu estilo poético e com sua visão. Cenário encantador, ele evocava Recife e Olinda em tempo tão curto para uma elaboração mental e desenvolvimento de um poema tão bem escrito! Valeu, poetamigo, você se coloca nessa seqüência de imagens poéticas, sintetizando sua força criativa na construção da seqüência e seu caráter performático.

O uso poético contribui para o potencial da pintura, da fotografia, da filmagem, enfim, foi para mim uma investigação tecnológica, um ensinamento que retrata com sucesso o tema: Recife & Olinda. O mar de Pau Amarelo, leitoramiga, refletindo um céu azul luminosamente ensolarado, com uma brisa praieira, o jangadeiro rolando na praia a jangada pro mar... Pensei, se Dostoievski estivesse aqui, será que teria escrito Crime e Castigo? Acho que, no mínimo, O Pai do Chupa, esse poema Recife & Olinda, que retrata, acredito, o clímax entre essas duas cidades.

No final da tarde fui parar no Beco da Fome e fiquei ouvindo Azambujanra recitar “O frustrado”:

Se eu fosse adulador não viveria às portas da loucura ou da miséria; eu viveria na mansão Tibérica: Do ódio, da paixão e da porfia. Sem o meu sangue, vivesse a covardia de bajular o lodo da matéria; eu extrairia a principal artéria e esse sangue covarde morreria; se eu vivesse atrás dessa gentalha, eu venceria as principais batalhas melhor que Aníbal, César e Cipião. Mas como nada disso sei fazer; sou um frustrado e vivo a padecer... Sem escalar o Monte de Sião.”
(Do livro: O grande comandante, p. 103 – ed. 1981)

Azambujanra encerra recitando o Poema do Beco, de Manuel Bandeira:

“Que importa/ A paisagem,/ A glória, a baía,/ A linha do horizonte?
- O que eu vejo é o beco".


* Formado em comunicações internacionais, escritor, teatrólogo, poeta, compositor e rei do Maracatu Barco Virado. Como escritor e poeta, tem trabalhos publicados nos jornais: Diário de Pernambuco, Jornal do Commercio, Folha de Pernambuco e em vários sites... Tem 12 títulos publicados, todas edições esgotadas. Blog Fiteiro Cultural: http://josecalvino.blogspot.com/

Um comentário:

  1. Dá gosto de ler esse namoro, essa paixão
    escancarada. Puro encantamento.
    Beijos Zé.

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