segunda-feira, 2 de novembro de 2009




Depois do enterro

* Por Celamar Maione

O viúvo desatou o nó da gravata. Suava até pelas narinas. O dia era de muito calor. Um amigo do escritório aproximou-se para dar os pêsames.

A sogra desmaiou na hora do enterro. A amiga da morta teve uma crise nervosa. Ele saiu apressado do cemitério. Passou numa salinha 3 por 4 no centro da cidade. Entregou ao homem armado e mal encarado o restante do dinheiro.

Pegou o carro e foi para o subúrbio. A cunhada abriu a porta. Ele entrou.
Olharam-se cheios de cumplicidade. Saiu antes do sol nascer.


*Radialista e jornalista, trabalhou como produtora, repórter e redatora nas Rádios Fm O DIA, Tropical e Rádio Globo. Foi Produtora-Executiva da Rádio Tupi. Lecionou Telemarketing, atendimento ao público e comportamento do Operador , mas sua paixão é escrever, notadamente poesias e contos.

3 comentários:

  1. Na era do twitter, vc economiza como quem esquece calorias e serve-se apenas de salada verde, mas uma fome silenciosa pode estar conspirando contra essa quase isenção. Melhor ter reservas do que ceder à anorexia das palavras. De qualquer forma, vc mantém a trama diabólica que atrai o leitor. Parabéns, Cel.

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  2. Esses tipo de pessoa existe, e não apenas na família dos outros. Na nossa também tem gente que não presta, no entanto poucos se dão ao trabalho de considerar esse submundo, sempre tão bem mostrado por você Celamar, conhecedora desse e de outros mundos, dos que estão vivos, e dos que já estiveram. Mais uma vez um conto intenso.

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  3. Que loucura, Celamar!E pensar que há casos e casos assim...Muito forte seu texto.
    Beijos

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